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Obras da Transnordestina no CE estão completamente paradas

Na manhã de ontem, em um dos canteiros de obra no distrito de José de Alencar, zona rural de Iguatu, dezenas de máquinas estavam paradas ( Foto: Honório Barbosa )
Na manhã de ontem, em um dos canteiros de obra no distrito de José de Alencar, zona rural de Iguatu, dezenas de máquinas estavam paradas ( Foto: Honório Barbosa )

Iguatu Os serviços de construção da Ferrovia Transnordestina, no trecho de 150Km, entre as cidades de Missão Velha e Iguatu, foram paralisados. O motivo é o atraso de cinco meses no repasse de verba para a construtora Marquise, responsável pela obra. Os operários estão de aviso prévio, as máquinas são retiradas do canteiro de obras e não há previsão de retomada dos trabalhos que geravam mais de dois mil empregos diretos.

Operários, fornecedores e donos de máquinas alugadas à empresa estão desolados. Na manhã de ontem, o clima era de tristeza no canteiro de obras. A maioria dos trabalhadores é oriunda de outras cidades do Interior do Estado. “O jeito é voltar para casa, em Jaguaribara, e tentar outro trabalho. Com certeza, essa decisão vai afetar a economia local porque havia despesas nessa cidade”, disse o operário Francisco Alves, que há mais de seis meses trabalhava na obra.

Grande dimensão

A Transnordestina é uma obra de grande dimensão. O serviço não pode ser paralisado de uma só vez. Desde o início desta semana que operários foram colocados de aviso prévio e outros já foram demitidos ao longo do mês passado. A construção passa por uma fase de paralisação e a suspensão total dos serviços deve ocorrer em uma semana. É preciso antes acabar com o estoque de alguns materiais, como combustível e cimento.

Na manhã de ontem, em um dos canteiros de obra no distrito de José de Alencar, zona rural de Iguatu, na região Centro-Sul do Ceará, dezenas de máquinas estavam paradas e outras seguiam em cima de caminhões para o acampamento na cidade. Alguns operários desmontavam tendas e alojamentos.

O serviço no trecho entre as cidades de Cedro e Iguatu já havia sido paralisado na semana passada. Até a primeira quinzena deste mês a obra deve estar suspensa em sua totalidade, isto é, nos três lotes, que compreendem a extensão de 150Km. Os recursos repassados pela Transnordestina Logística para a empresa foram ficando escassos a partir de novembro de 2015.

No canteiro de obras um funcionário, que pediu para não ser identificado, confirmou o atraso no repasse de recursos e disse que não havia mais como continuar com a obra sem repasse de verba por parte do governo federal. Ele não soube informar o valor, mas comenta-se que seja superior a R$ 20 milhões.

Os operários vivem a expectativa de receber os direitos trabalhistas e os fornecedores também esperam pelo pagamento de aluguel de máquinas e de outros serviços. Em um dos acampamentos, o clima era de desolação e silêncio ontem. “Estamos de aviso até o fim do mês”, disse um dos operários. “Vamos batalhar por outra ocupação, mas esperamos que a obra comece novamente em breve”, disse.

No trecho de Iguatu, ainda há fornecedores que esperam pelo pagamento dos serviços prestados à empresa Tecomar, que até dezembro de 2015 executou serviços como subempreiteira da construtora Marquise. Alguns operários ingressaram na Justiça do Trabalho e donos de máquinas na Justiça Estadual com ação e cobrança de dívida. Outros ainda aguardam pelo pagamento, por meio de acordo.

Já a Marquise, assegurou que cumpriu o contrato com a Tecomar, repassando todos os recursos devidos. Sobre a paralisação da obra, a Marquise esclareceu que não poderia se pronunciar. A reportagem entrou em contato com a Transnordestina Logística, que até o fechamento desta edição não deu esclarecimentos.

Em dezembro passado, a obra da Ferrovia Transnordestina apresentava cerca de 50% de serviços realizados no trecho entre as cidades de Missão Velha e Iguatu e havia cerca de quatro mil trabalhadores contratados e de 1,7 mil equipamentos de grande porte. A ferrovia de 1.753Km passará por 81 municípios nos Estados de Piauí, Ceará e Pernambuco, ligando o sertão do Piauí (Eliseu Martins) aos portos de Pecém (CE) e Suape (PE).

No Ceará, a ferrovia terá uma extensão de 526Km até o Porto de Pecém, passando por 28 municípios. A obra foi iniciada em 2006 e tinha previsão de ser concluída em 2010. Já passou por várias paralisações. A nova previsão era de conclusão em 2018, mas, para isso, precisaria de liberação de mais de 3,7 bi. O orçamento inicial foi de R$ 4,5 bi e, em 2014, estava em R$ 11,2 bi.

Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/

Zeudir Queiroz