Exercendo o cargo de presidente interino do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) desde o dia 3 de abril, quando Ary Joel Lanzarin anunciou sua renúncia, o ex-diretor de Estratégia, Administração e Tecnologia da Informação (TI), Nelson Antônio de Souza, foi efetivado ontem, pelo Ministério da Fazenda, na presidência da instituição. Logo em seu primeiro dia como presidente de fato e de direito, Nelson detalhou como pretende tocar sua gestão, principalmente no que tange à concessão de crédito. Conforme diz, o BNB vai apertar a fiscalização às médias e grandes empresas com o intuito de não embarcar em projetos instáveis e correr o risco de não recuperar os recursos que concede.
“Queremos ter celeridade no crédito para médias e grandes empresas, já que essa recuperação de recursos tem de ser feita com rapidez e de forma correta. Óbvio que o BNB seguirá apoiando os grandes projetos, mas também os acompanhará de perto, tanto na contratação como no desembolso. Queremos saber a data exata de quando o crédito será recuperado e vamos cobrar com veemência as dívidas não pagas”, disse Nelson de Souza.
Maior da América Latina
Sobre o tempo de sua gestão, Nelson afirma que não há uma data definida para deixar a função, e brinca dizendo que seguirá no cargo “até quando aguentar”. O novo presidente do BNB também revelou planos ambiciosos para os próximos anos, tais como consolidar o protagonismo da instituição na América Latina e ampliar ainda mais o número de agências no Nordeste.
“Somos o maior banco de desenvolvimento regional entre os países latinos, tanto que 37% dos empregos formais gerados no Nordeste são oriundos de financiamentos nossos”, explica Nelson. “Queremos continuar crescendo. No Ceará, por exemplo, iniciamos o ano com 28 agências e teremos um total de 49 até o fim deste ano. A própria região Nordeste tinha 186 unidades em 2012 e, somente em 2014, ganhará mais 122. Aumentar a nossa capilaridade é um dos objetivos para os próximos anos”, complementa.
R$ 6,5 bi para o Ceará
Sobre a concessão de crédito, Nelson afirma que a ideia é aumentar a aplicação de recursos nos próximos anos. Segundo ele, a expectativa é aplicar R$ 30 bilhões neste ano, dos quais R$ 6,5 bilhões estão previstos para o Ceará. “Trata-se de um Estado muito importante para o BNB, respondendo por 57% dos nossos clientes de microfinanças. Esse crédito pode ser ainda maior se tivermos bons projetos”, diz.
Para concluir, o novo o presidente do BNB fez questão de ressaltar que a instituição apoiará ainda mais os pequenos empreendedores e que programas como o Agroamigo e o Crediamigo só tendem a crescer. “Sabe aquele pequeno informal, que precisa muito do crédito para começar seu negócio? É com ele que queremos trabalhar”, diz.
Dívida do grupo Dorisol está paga
Após quase dez anos, o empréstimo milionário contratado pelo grupo português Dorisol, que pretendia instalar um hotel de ponta no local do antigo Esplanada Praia Hotel, finalmente foi quitado no BNB. Quem confirmou a liquidação da dívida foi o próprio presidente da instituição financeira, Nelson Antônio de Souza, que não revelou quem acertou as contas com o banco.
O empresário Ivens Dias Branco, contudo, é apontado como o responsável pela operação, que teria sido efetivada com o desembolso de R$ 130 milhões para adquirir o terreno do Esplanada e liquidar a antiga dívida.
“O negócio já está fechado, resolvido. A dívida está em vias de liquidação, mas como a negociação é feita entre empresas, não posso me antecipar e confirmar os nomes”, disse o presidente do BNB. A instituição financeira concedeu, em 2004, a maior parte dos recursos da ordem de R$ 52 milhões anunciados pelo grupo português para a construção do Dorisol Fortaleza Grand Hotel, que seria instalado na Avenida Beira-Bar, uma das regiões mais nobres de Fortaleza.
Cobrança judicial
Como o empreendimento do grupo Dorisol nunca saiu do discurso, o BNB procedeu à cobrança judicial para reaver o valor do empréstimo efetuado pelos portugueses. Em junho do ano passado, o Banco revelou que estava analisando uma proposta de regularização da dívida apresentada pelo empresário que adquiriu o empreendimento, que não teve seu nome divulgado. O próprio valor da dívida não foi revelado pelo BNB, tendo em vista que a Lei Complementar 105/2001 prevê, em seu artigo 1º, que “as instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados”. (AL)
Áquila Leite
Repórter
Fonte: Diário do Nordeste
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