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MOCIDADE ALEGRE É CAMPEÃ DO CARNAVAL DE SÃO PAULO

A Liga Independente das Escolas de Samba anunciou, em entrevista coletiva pouco antes das 23h desta terça-feira (21), que a Mocidade Alegre é campeã do carnaval de São Paulo. O anúncio foi feito em meio a brigas e confusão entre presidentes de escola de samba que estavam no Anhembi desde o fim da tarde, quando um integrante da Império da Casa Verde interrompeu a leitura e rasgou parte das notas. A segunda colocada foi a Rosas de Ouro, seguida de Vai-Vai, Mancha Verde e Vila Maria.
(Obs: A primeira versão desta reportagem informou erroneamente que o integrante que rasgou as notas era da Camisa Verde e Branco. A informação foi corrigida.)
Segundo o presidente da Liga, Paulo Sérgio Ferreira, a decisão de manter os pontos apurados até o início da confusão foi tomada por sete votos a cinco na reunião de quase cinco horas entre os presidentes das escolas. Ferreira disse que ficou valendo o artigo 29 do regulamento da Liga, que prevê uma média das notas quando alguma delas falta.

Após o anúncio, a escola fez festa na quadra para comemorar o título.
Protestos
O resultado gerou protesto entre os torcedores da Rosas de Ouro. A Tropa de Choque – que já tinha sido acionada à tarde para conter o quebra-quebra no Anhembi – teve de ser posicionada para conter os ânimos.
A presidente da Mocidade, Solange Bichara Rezende, disse que não se sente confortável com o resultado. “Eu não me sinto confortável com essa situação. Não quero ser campeã nas costas de ninguém. Eu estou chateada. Não fui eu que roubei a nota, não fui eu que sumi com os resultados”, disse na saída da reunião. Ela chegou a discutir com um integrante de outra escola de samba e afirmou ter recebido agressões verbais. “Ele não tem direito de fazer isso comigo”, concluiu. Por causa da confusão, Solange disse não saber se haveria comemoração na quadra.

Integrantes de escolas se mostraram revoltados. O presidente da Vai-Vai, Darly Silva, o Neguitão, afirma que o justo seria procurar os dois jurados nesta quarta-feira (22) para saber quais as duas notas finais que foram atribuídas à Mocidade.
“Aí, sim, se eles deram dois dez para a Mocidade, a escola é campeã. Não homologar um resultado que ninguém sabe quais são as duas notas. É uma vergonha levar o carnaval dessa maneira. Toda essa situação deixa a gente muito chateado”, afirmou.
Foram rebaixadas para o Grupo de Acesso a Pérola Negra e a Camisa Verde e Branco. No lugar delas vão desfilar no Grupo Especial, em 2013, Nenê de Vila Matilde e Acadêmicos do Tatuapé, vencedores do Acesso.
A decisão da Liga foi tomada pouco tempo depois de a assessoria de imprensa da entidade informar que o resultado só seria conhecido nesta quarta-feira (22).

A confusão durante a apuração começou quando um representante da escola Império de Casa Verde, Tiago Ciro Tadeu Faria, de 29 anos, invadiu o local onde eram lidas as notas, no Sambódromo do Anhembi, e rasgou os envelopes durante a divulgação dos pontos do último quesito. Naquele momento, a Mocidade Alegre liderava, seguida por Rosas de Ouro, Vai-Vai, Mancha Verde e Unidos de Vila Maria. Houve quebra-quebra, carros alegóricos foram incendiados e pelo menos cinco pessoas acabaram detidas.
Após a confusão, os diretores das escolas de samba se reuniram durante toda a tarde para tentar solucionar o impasse. A Mocidade Alegre chegou a encerrar por volta das 21h30 a festa programada para esta terça-feira (21) em sua quadra, na Zona Norte de São Paulo, diante do impasse entre diretores da Liga Independente das Escolas de Samba sobre a continuidade ou não da apuração.
Desfile da campeã
Terceira escola a entrar no Sambódromo do Anhembi no segundo dia de desfiles do Grupo Especial paulistano, a Mocidade Alegre ostentou o clima de união e orgulho de quem precisou de esforço extra para brilhar no carnaval deste ano. Atingida no dia 9 de janeiro por um incêndio no barracão da escola, que fica sob o Viaduto Pompeia, na Zona Oeste de São Paulo, a Mocidade teve que correr para reconstruir alguns carros a tempo.
Com 3.500 componentes e 25 alas, a Mocidade comemorou o centenário do escritor Jorge Amado homenageando o candomblé, a capoeira e as festas populares que integram o universo do livro “Tenda dos Milagres”, romance publicado em 1969. A passagem da escola pela avenida durou 60 minutos, cinco a menos que o prazo máximo permitido para cada agremiação.
O público correspondeu à emoção da Mocidade: a bateria empolgou os foliões do Sambódromo durante as várias “paradinhas” executadas pelos ritmistas.

Fonte: G1

Zeudir Queiroz