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Mínimo de R$ 724 é avanço, avalia técnico do Dieese

O valor do salário mínimo necessário medido pelo Dieese corresponde hoje a R$ 2.761,58

O valor de R$ 724,00 previsto para o salário mínimo, em 2014, está longe de ser o ideal. Mas ainda assim representa um avanço se considerado o alto grau de estagnação em que se encontraria, caso fosse reajustado todos os anos só com base na inflação, sem considerar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. A avaliação é do supervisor técnico do Dieese no Ceará, Reginaldo Aguiar. A alta será de 6,78% na comparação com o que é pago neste ano e começa a valer a partir de 1º de janeiro, sendo pago no fim do mês.

 

O valor do salário mínimo necessário, segundo cálculos do Dieese, corresponde hoje a R$ 2.761,58. A maioria do gasto de uma família média, com dois adultos e duas crianças, é destinado para a alimentação FOTO: MIGUEL PORTELA

Segundo Aguiar, “se não fosse a Lei 12.382, de 2011, que define as regras para recomposição do mínimo em médio prazo, tomando por base o índice de correção do INPC adicionado à variação do PIB, o piso normativo do Brasil teria sido corrigido somente pela inflação, chegando em novembro de 2013 a valer apenas R$ 293,64”.

Valor ideal

Por outro lado, o valor do salário mínimo necessário medido pelo Dieese corresponde hoje a R$ 2.761,58. “Portanto, existe ainda uma distância muito grande a percorrer até chegarmos ao valor considerado ideal”, observa Reginaldo Aguiar.

Conforme o supervisor do Dieese, em julho de 1940, quando foi pago o primeiro salário mínimo no País, o valor representava o equivalente hoje a R$ 1.401,07. Em vez disso, porém, o salário mínimo vigente, de R$ 678,00 corresponde a menos da metade de seu valor original ou 48,39% para ser mais exato. “Enquanto isso, a economia brasileira cresceu mais de cinco vezes nesse mesmo período”, calcula.

Histórico

Fazendo um apanhado histórico dos maiores valores do salário mínimo, pagos durante a época do plano de metas do governo Juscelino Kubitschek, em janeiro de 1959 o mínimo chegou a valer R$ 2.018,68. “Nesse período, havia uma combinação de crescimento econômico e democracia, que permitia que as organizações de trabalhadores pudessem reivindicar maiores salários”, explica Reginaldo Aguiar.

Em contrapartida, ele lembra que, no período do Plano Collor, em março de 1992 o salário mínimo atingiu um de seus menores valores, correspondente a R$ 287,10. “Nesse período havia uma combinação de vários fatores. Apesar de ser um período democrático, porque já havia passado do regime militar, havia um baixo crescimento econômico e um grande descontrole monetário, com uma inflação alta”, recorda.

Trazendo a realidade para os tempos atuais, o supervisor do Dieese destaca que o ambiente hoje é de controle monetário com crescimento econômico sustentado e democrático. “Essa conjuntura permite que os avanços venham a ser mais significativos e mais rápidos até que possamos obter a equidade que tanto necessitamos para o desenvolvimento do nosso país”, completa.

O que comprar

De acordo com os últimos dados do Dieese, com o aumento real de R$ 46 no salário mínimo o consumidor de Fortaleza poderá incrementar na cesta básica até oito alimentos distintos, como café, açúcar e farinha. Os dados desconsideram a alta dos preços que pode ocorrer a partir do próximo ano.

Conforme as informações do Dieese, com o valor adicional poderá ser possível engordar a cesta com até 3,6 quilos de arroz, no valor médio de R$ 8,28. Além disso, ainda é possível adquirir até 2,5 quilos de feijão de corda, com preço de R$ 9,57.

O consumidor poderá ainda adquirir um quilo do tomate, um dos grandes vilões da inflação neste ano, que está saindo em média R$ 3,12. A farinha, que teve seu preço elevado com o período de estiagem, poderá também ser acrescentada à cesta básica, com o preço de R$ 8,06 por dois quilos.

A cesta básica do fortalezense ainda poderá ser composta com mais três quilos de açúcar (R$ 5,49), uma unidade de café de 300 gramas (R$ 3,99), uma unidade de óleo de 900 mililitros (ml), que sai em média por R$ 3,07, além de um litro de leite (valor médio de R$ 2,93).

Ângela Cavalcante
Repórter

Longo caminho

“Existe ainda uma distância muito grande a percorrer até chegarmos ao valor considerado ideal (para o salário mínimo)”
Reginaldo Aguiar
Supervisor-técnico do Dieese

Novo salário vai injetar R$ 46 bilhões na economia

São Paulo. Caso seja sancionado pela presidente Dilma Rousseff, o novo salário mínimo de R$ 724 deve representar um acréscimo de R$ 46 bilhões na economia brasileira no ano que vem, de acordo com estimativa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP).

Para a Fecomércio-SP, o salário mínimo foi a mola propulsora da economia nos últimos anos – com exceção de 2013 FOTO: ELIZANGELA SANTOS

O novo salário foi aprovado na madrugada desta quarta-feira, 18, pelo Congresso Nacional. O reajuste de 6,78% representa um aumento real de 0,8%, o menor verificado nos últimos anos. Em 2013, o salário mínimo teve aumento real de 2,7% e em 2012, de 7,6%.

A presidente Dilma Rousseff confirmou na manhã desta quarta-feira, em entrevista para emissoras de rádio de Pernambuco, que o novo salário mínimo, vigente a partir de 1º de janeiro de 2014, ficará entre R$ 722 e R$ 724, o que representaria uma alta de 6,5% a 6,78% sobre os R$ 678 atuais.

“A regra da correção do salário mínimo depende do fechamento do PIB (Produto Interno Bruto) e da inflação, mas dá para sabermos que ficará entre R$ 722 e R$ 724. Se tivermos perto de R$ 724 arredondamos para cima, damos uma força”, disse Dilma. “O pessoal pode ficar satisfeito antecipadamente”, completou a presidente.

A Fecomércio-SP ressaltou, por meio de uma nota, que o salário mínimo foi a mola propulsora da economia nos últimos anos – com exceção de 2013 – e isso não ocorrerá em 2014.

“Por isso, o ciclo de manutenção do aumento do PIB por meio do consumo e do incremento do consumo devido a faixas emergentes de renda se esvaiu”, disse a Fecomércio-SP.

Para a entidade, o crescimento da economia dependerá da “melhora do ambiente de negócios e do aumento do investimento para manutenção do nível de emprego no País”.

13º salário

Segundo a Fecomércio-SP, a injeção de recursos na economia brasileira com o 13º salário de 2014 vai representar R$ 156,9 bilhões, por conta da expectativa de aumento de 2% no número de trabalhadores com remuneração vinculada ao reajuste do salário mínimo.

Deste montante, cerca de R$ 32,7 bilhões deverão ser destinados a compras. No Estado de São Paulo, o pagamento do 13º salário em 2014 vai representar R$ 45,9 bilhões, sendo R$ 9,6 bilhões destinados a compras.

No Ceará, somente com a segunda parcela do 13º salário dos servidores estaduais, serão injetados R$ 283,5 milhões na economia local, beneficiando cerca de 138 mil pessoas, entre 65 mil funcionários ativos, 56 mil inativos e 17 mil pensionistas.

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz