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Menino do Acre diz que não sumiu para divulgar o livro

Bruno Borges, o “Menino do Acre”, mostrando seu quarto e explicando os significados dos símbolos e códigos deixados por ele em seu quarto (Foto: Reprodução)

Bruno Borges, o “Menino do Acre”, disse ao Fantástico nesse domingo, 13, que o seu sumiço não foi parte de uma campanha ou jogada de marketing, mas sim uma forma de buscar conhecimento e estimular as pessoas a fazerem o mesmo.

“O fato de eu ter me isolado, como eu falei, era pra buscar algo, uma verdade dentro de mim que eu estava precisando encontrar”, disse Bruno e completou: “Meu maior objetivo com esse projeto foi estimular as pessoas a adquirirem conhecimento e a medida que você vê que as pessoas começaram a buscar conhecimento através disso, podemos perceber que deu certo”.

De acordo com a polícia, o livro de Bruno, “Teoria da Absorção do Conhecimento”, – que foi lançado após o desaparecimento dele e está entre os mais vendidos do Brasil na categoria não ficção – já tinha um contrato assinado por Bruno, seus amigos e outras pessoas com o propósito de dividir os lucros da publicação. 19% iriam para os dois amigos, 15% para um primo que o emprestou R$ 20 mil, 5% para a editora e 61% para Bruno e a família dele, que arcou com todos os custos da publicação.

A acusação de que tudo tenha se tratado de marketing veio da Polícia Civil do Acre. “Bruno se ausenta, o livro é lançado. Então, eu acho que fica evidente que havia um plano divulgação”, concluiu Alcino Souza Júnior, delegado responsável pelo caso. Ele disse que Bruno prestará depoimento mas que não responderá por crime.

O “Menino do Acre” não quis revelar onde estava durante o sumiço, nem se era em outra cidade ou estado. Tudo o que ele disse era que esteve em meio à natureza. “O local era um ambiente natural com floresta, com árvore. Toda parte do isolamento eu não vou falar”, e acrescentou: “Eu posso dizer que meu isolamento foi muito pessoal. O que posso dizer é que eu estava isolado, não tive acesso a nada, se não ia quebrar todo o meu objetivo. Porque busquei o isolamento justamente pra não ser atrapalhado pelo coletivo. Muitas vezes, a coletividade atrapalha você a achar seu autoconhecimento”.

O reencontro com os pais aconteceu na madrugada da sexta-feira, 11. Bruno chegou à porta de casa, descalço, às 5h22 e tocou a campainha. A câmera de segurança registrou tudo. Ele esperou durante mais de uma hora a chegada de alguém e quem acabou alertando o pai dele foi o vizinho. Athos Borges, pai de Bruno, se emocionou ao encontrar o filho e precisou ser aparado para não cair. A mãe de Bruno, Denise Borges, estava em Aparecida, no interior de São Paulo. Segundo ela, estava rezando pelo retorno do filho. Assim que soube da chegada de Bruno, retornou ao Acre.

Questionado se há algum arrependimento quanto ao sumiço, Bruno explica que não se arrepende do isolamento. Contudo, sente culpa por ter feito a família se preocupar e sofrer. Ele ainda disse que foi ingênuo de pensar que as pessoas entenderiam os motivos do sumiço dele através dos sinais que deixou no próprio quarto.

Fonte: http://www.opovo.com.br

Zeudir Queiroz