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Mais do que camisa verde-amarela, Lula leva a Fidel apoio do Brasil à revolução

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no encontro da última terça-feira com Fidel Castro, em Cuba levou na bagagem mais do que uma camisa da seleção brasileira, com a qual presenteou ao ex-premiê cubano. Líderes consagrados na América Latina, Lula e Fidel conversaram sobre os rumos da revolução bolivariana e os riscos que corre, atualmente, diante de uma série de ataques da ultradireita fascista, na Venezuela. Mas o ponto alto da visita de Lula à Ilha, de onde voltou neste fim de semana, ficou no campo.

Lula e o senador Blairo Maggi (PR-MT) visitaram plantações de soja e feijão da empresa agrícola militar Cubasoy, em Ciégo de Ávila. Segundo nota no site do Instituto Lula, o objetivo da visita foi o de promover o intercâmbio técnico para aumentar a produtividade dessas culturas em Cuba. Maggi, convidado por Lula para a viagem, propôs que os cubanos conheçam suas fazendas de soja, milho e algodão no Mato Grosso, onde a produtividade é de duas a quatro vezes maior que a de Cuba.

Maggi é apontado como o maior produtor individual de soja do mundo. Formado em Agronomia pela Universidade Federal do Paraná, começou a plantar soja em Itiquira, no Sul de Mato Grosso. O negócio prosperou até se tornar o grupo Amaggi, cujos negócios hoje abrangem outras áreas.

A Cubasoy foi criada em 2006, pelo governo cubano, e mantém contato com a Embrapa para melhorar a produção de soja da ilha. Entre suas principais necessidades, estão melhores conhecimentos sobre o solo, acesso a sementes modernas e mais maquinário.

Política regional

Em Havana, Lula e os principais líderes da revolução cubana conversaram sobre a série de ataques à esquerda na América do Sul. Em encontro com o presidente Raul Castro, eles conversaram sobre a crise política na Venezuela, econômica na Argentina e eleições no Brasil que podem mudar correlação de forças de forma brusca. Nenhum detalhe sobre essa conversa foi liberada aos jornais.

Outro ponto forte da viagem, encerrada na véspera, é a formação, este ano, de 350 jovens brasileiros que foram para a ilha estudar medicina gratuitamente. Um grupo destes estudantes que se formarão médicos em julho e voltarão para o Brasil para ajudar suas comunidades, se reuniu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na noite desta terça-feira, em Havana.

Os estudantes convidaram Lula para voltar para Cuba em julho, para o ex-presidente participar da formatura dos brasileiros após seis anos de estudo de medicina. Eles também conversaram da necessidade de mudanças no processo de validação do diploma de brasileiros que estudam medicina no exterior e do programa Mais Médicos, que atingirá o número de 13 mil médicos cubanos para atender em locais onde não houver profissionais brasileiros dispostos a atuar.

Os estudantes disseram querer retornar ao Brasil para participar do programa e atuar em comunidades carentes com uma prática mais humanista da medicina.

– Parabéns, vocês são motivo de orgulho para nós – disse Lula para os estudantes.

O ex-presidente falou que vai estudar a possibilidade de vir para a formatura deles em julho.

– Eu espero que quando retornarem ao Brasil, voltem com muita vontade de trabalhar. Nem sempre vai ser fácil, mas quando vocês vieram para cá, vieram com esse objetivo, de serem médicos, de sobreviver da medicina, mas sem transformar a medicina em mercantilismo – concluiu.

Fonte: Correio do Brasil

 

Zeudir Queiroz