Esse cara esteve comigo hoje [domingo]. Como ele faz isso? Ele ia votar com a gente”. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um desabafo inconformado ao assistir ao voto do deputado Tiririca (PR-SP), favorável à abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Sentado em uma das salas de reunião do Palácio da Alvorada, Lula disse à presidente Dilma que havia recebido Tiririca na véspera, no quarto do hotel em que se hospeda em Brasília. “Ele ia votar com a gente”, repetiu Lula. Dilma balançou a cabeça negativamente. Estava consciente das traições.
Lula e PT, mapeando os “traidores”: quem prometeu votar “não” e mudou
Assessores presidenciais tentavam mapear os “traidores”, não apenas entre deputados do PP, mas também PR, PMDB e outras siglas. Somente PT e PC do B não traíram o governo. Concluiu-se ali que “o vento das ruas” não estava com Dilma e o clima no plenário, favorável ao impedimento da petista, influenciava deputados como Tiririca, que foi ovacionado pela oposição após dizer “sim”.
Lula recebeu raros “nãos” em Brasília nos últimos dias, como revelou. E o desânimo era visível no ex-presidente durante a votação de domingo. Cabisbaixo, falava pouco e parecia realmente surpreso com alguns votos que, para ele, eram inesperados.
Governador Camilo Santana também surpreso
Como o do deputado Adail Carneiro (PP-CE), assessor especial do governador Camilo Santana (PT-CE). Carneiro foi exonerado para votar contra o impeachment. Era voto certo mas, em seu discurso, votou “sim” pelo impedimento e pediu “desculpas” à presidente.
Camilo estava no Alvorada acompanhando a votação ao lado de Dilma, Lula e aliados. Não sabia explicar o que tinha acontecido. Aliás, esse era o sentimento comum entre as quase vinte pessoas que estavam naquela sala.
Fonte:
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