Crimes teriam ocorridos em aplicativos como Uber e 99Pop. Em agosto deste ano, O POVO revelou mercado clandestino online de contas falsas nos serviços que poderiam encobrir crimes
Levantamento realizado junto a secretarias de Segurança Pública de todo o País revela pelo menos 46 ocorrências de estupros em aplicativos de transporte – como Uber e 99Pop – em seis estados brasileiros de 2016 até julho deste ano. A apuração, realizada pelo The Intercept, teve base na Lei de Acesso à Informação e indica que número real de casos pode ser muito maior.
Em agosto deste ano, O POVO revelou com exclusividade a prisão do técnico em radiologia Patrick do Nascimento, que raptava e estuprava jovens na saída de bares da Capital. O crime era encoberto por meio de dados falsos em aplicativos de transporte particular. Em série de reportagens, O POVO revelou ainda mercado clandestino online de contas falsas nos serviços.
Por apenas R$ 100, O POVO conseguiu obter acesso a um cartão do 99Pop, que poderia ser utilizado para pegar corridas sem qualquer vínculo direto com a empresa. Após a denúncia, o aplicativo iniciou processo de recadastramento geral de motoristas e anunciou uma série de mudanças em sua política de segurança, como biometria periódica e rastreio em tempo-real.
De acordo com a reportagem do Intercept, das 27 solicitações feitas a secretarias, apenas oito foram respondidas. Alguns dessas pastas, no entanto, não responderam aos questionamentos de forma satisfatória, impossibilitando comparações. No Acre e no Espírito Santo, por exemplo, há diferenciação entre qualquer “veículo automotivo” e transportes do tipo.
70 vítimas
Nos estados que categorizaram de maneira adequada os episódios de violência – Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo –, o Intercept conseguiu revelar 70 vítimas de algum tipo de violência sexual em transportes por aplicativo. Entre eles, 36 estupros e dez estupros de vulnerável, além de 18 “importunações ofensivas ao pudor”.
Como diversos estados – incluindo o Ceará – não responderam a reportagem e outros não identificavam casos ocorridos em veículos do Uber, 99Pop ou Cabify, número total pode ser muito maior. Maior serviço do tipo no País, com 20 milhões de passageiros, a Uber é também a campeã de denúncias, sendo citada em 143 dos boletins, contra seis da 99.
Em nota enviada ao Intercept, a Uber destaca que, em função da popularidade da empresa, muitas vítimas acabam citando o serviço por engano, chamando qualquer transporte por aplicativo de “Uber”. Em nota, a empresa disse ainda repudiar qualquer tipo de abuso contra mulheres e disse acreditar na importância de enfrentar casos de assédio e violência.
Fonte: O Povo Online
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