Após reunião na tarde de ontem, governadores do Nordeste divulgaram carta na qual manifestam “profunda indignação” com o presidente da República Jair Bolsonaro por apoiar ações contra o isolamento social, principal medida até agora no combate ao novo coronavírus.
“Manifestamos nossa profunda indignação com a postura do Governo Federal, que contraria a orientação de entidades de reconhecida respeitabilidade, como a OMS”, assinam os chefes de Executivo.
Para eles, as recomendações da Organização Mundial da Saúde “indicam o isolamento social como melhor forma de conter o avanço” da doença.
O presidente, continuam os gestores, “promove campanha de comunicação no sentido contrário, estimulando, inclusive, carreatas por todo o país contra a quarentena. Este tipo de iniciativa representa um verdadeiro atentado à vida”.
O documento foi divulgado ao final do encontro, realizado por videoconferência. É a terceira reunião de governadores apenas nesta semana.
Na carta, eles também reafirmam medidas já tomadas até agora contra a Covid-19 e garantem que, “com bom senso e equilíbrio”, irão permanecer “orientados pela ciência e pela experiência mundial, para nortear todas as medidas, diariamente avaliadas, nesta guerra travada contra o coronavírus”.
A carta prossegue: “Reiteramos que parâmetros científicos indicam as ações preventivas e protetivas, de intensidade gradual e estágios progressivos ou regressivos, adequando-as sempre à realidade de cada região de nossos Estados”.
Os governadores acrescentam que, “na ausência de efetiva coordenação nacional, que deveria ser assumida pelo Governo Federal, em articulação com os demais entes federativos, buscaremos avançar na integração regional e com as demais regiões, mobilizados pelo objetivo de salvar vidas e amenizar os impactos negativos sobre a economia dos estados”.
Por fim, prometem solicitar “um pronunciamento oficial do Conselho Federal de Medicina, do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde e da Sociedade Brasileira de Infectologia, além do acompanhamento e orientação do Ministério Público Federal e do Ministério Público dos Estados”.
Há dois dias, o presidente critica duramente os governadores, a quem atribui responsabilidade por perdas econômicas nos estados. Em entrevistas, Bolsonaro chegou a sugerir que os prefeitos deveriam ressarcir trabalhadores por prejuízos.
Também na tarde de hoje, o governador Camilo Santana (PT), um dos que subscrevem a carta, se reuniu com empresários e representantes do setor produtivo do Ceará para discutir saídas à crise sanitária e financeira deflagrada pelo coronavírus.
O petista deve editar novo decreto na segunda-feira renovando a quarentena que suspende as atividades do comércio no Ceará.
Amanhã, Camilo tem encontro com a equipe de saúde do Estado para debater sobre os cenários no Estado.
Fonte: O Povo Online
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