O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, disse nessa quinta-feira (4) que os dois fugitivos da penitenciária federal de Mossoró (RN) tiveram ajuda externa de organizações criminosas e estavam a caminho do exterior quando foram presos. “Eles, obviamente, foram coadjuvados por criminosos externos. Tiveram auxílios de seus comparsas e das organizações criminosas às quais eles pertenciam”, disse.
A Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) prenderam os dois, depois de 50 dias da fuga inédita no sistema penitenciário federal. O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que a prisão ocorreu em Marabá (PA).
Enquanto eram procurados, Rogério da Silva Mendonça, de 36 anos, conhecido como Martelo, e Deibson Cabral Nascimento, de 34 anos, chamado de Tatu ou Deisinho, mantiveram uma família como refém e foram avistados em comunidades diversas. Além disso, esconderam-se em uma propriedade rural e agrediram um homem na zona rural de Baraúna (RN).
Comboio do crime
Os dois fugitivos foram presos no Pará, a 1.600 km de Mossoró, juntamente com mais quatro pessoas, em três carros. Eles foram capturados em uma ponte. “Estavam num comboio do crime”, declarou o ministro. Com o grupo foram encontrados um fuzil e celulares. De acordo com o ministro, os detentos voltarão para o presídio de Mossoró.
O caso
A fuga, a primeira registrada nesse sistema desde a implantação (em 2006), colocou em teste a gestão de Lewandowski. A administração das penitenciárias federais é de responsabilidade do Ministério da Justiça, que teve a primeira crise em 13 dias sob o novo titular (que substituiu Flávio Dino, hoje ministro do Supremo Tribunal Federal).
O caso ocorreu na madrugada do dia 14 de fevereiro e expôs o governo de Lula (PT) a uma crise justamente em um tema explorado por adversários políticos, a segurança pública. Mais de 600 policiais foram envolvidos na operação de recaptura, incluindo 100 integrantes da Força Nacional. Helicópteros e drones foram usados nas buscas.
O Ministério da Justiça afirmou que houve falhas em procedimentos do presídio, mas descartou corrupção de agentes na fuga de dois presos da penitenciária. É o que apontou relatório da Corregedoria-Geral da Secretaria Nacional de Políticas Penais, ligada ao Ministério.
As celas dos dois presos que fugiram ficaram ao menos 30 dias sem revista e, por isso, foram abertas as apurações contra os dez servidores. Segundo Lewandowski, o presídio de Mossoró tem condições de receber os detentos, que ficarão separados e alvo de vistorias diárias.
Durante as buscas, oito pessoas foram presas, sendo sete sob suspeita de ajudar os fugitivos. Com a captura de ontem, Lewandowski destacou que o número de presos chega a 14.
Regime
Os dois presos estavam Regime Disciplinar Diferenciado, onde as regras são mais rígidas que as do regime fechado. Nesse tipo de ala há um local para o banho de sol para que os detentos não tenham contato com outros presos.
Na época, o presídio de Mossoró também abrigava Luiz Fernando da Costa, conhecido como Fernandinho Beira-Mar, que em março foi transferido para a unidade de Catanduvas (PR). A fuga da penitenciária federal de Mossoró ocorreu logo após o Carnaval, na madrugada da Quarta-Feira de Cinzas, quando, segundo o ministro da Justiça, as pessoas estão mais “relaxadas”.
Os investigadores identificaram que os dois fugitivos usaram uma barra de ferro, retirada da estrutura da própria cela, para escavar um buraco no vão da luminária. Com a abertura do espaço, os presos conseguiram escapar.
Os detentos teriam conseguido a barra de ferro, de cerca de 50 centímetros, descascando parte da cela que já estava comprometida, devido a infiltração e falta de manutenção.
Fonte: https://oestadoce.com.br/n
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