A manutenção de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Câmara dos Deputados tornou-se ainda mais difícil nos últimos dias, após novos dados do ministério público da Suíça comprovarem a movimentação do equivalente, em dólar e em franco suíço, a R$ 23,2 milhões. Aliado a isso, o lobista João Augusto Rezende Henriques contou, em depoimento, do repasse de US$ 1,3 milhão para contas do deputado na Suíça.
O detalhamento dos dados complicou ainda mais a imagem do parlamentar. O relatório enviado pelo MP estrangeiro, que investiga o político brasileiro por corrupção e lavagem de dinheiro, indica que Cunha usou as contas para pagar despesas pessoais da mulher, a jornalista Cláudia Cruz, e de uma das filhas, Danielle Cunha, na Inglaterra, na Espanha, nos Estados Unidos, entre outros países.
> Cunha nega renúncia à presidência da Câmara
Todas as contas apontadas não foram declaradas à Receita Federal pelo parlamentar, e indicam a participação dele no esquema de corrupção da Lavo Jato, na Petrobras. O dossiê ainda informa do fechamento de uma das contas de Cunha um mês depois de a operação ser deflagrada pela Polícia Federal, indicando uma tentativa de camuflar a origem do dinheiro.
Janot dará continuidade às investigações
O dossiê suíço já se encontra no gabinete do procurador geral da República, Rodrigo Janot, e, a partir de agora, Cunha poderá ser investigado também por sonegação fiscal e evasão de divisas. A relação dos dois, inclusive, não é boa desde agosto, quando o procurador denunciou o deputado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por, supostamente, ter recebido US$ 5 milhões em propina para facilitar negócios da Petrobras.
De posse das informações, Janot decidirá se vai pedir a abertura de inquérito ou oferecer nova denúncia contra o presidente da Câmara.
Deputado ignora questionamentos
Desde que foi chamado para depor na CPI da Petrobras, o deputado Eduardo Cunha nega qualquer envolvimento no esquema de corrupção da Lava Jato, quando também negou a existência de contas no nome dele no exterior. Agora, depois das provas serem ventiladas à imprensa e o procurador geral da República Rodrigo Janot confirmar a existência das contas do parlamentar na Suíça, Cunha nega-se a falar sobre o assunto.
Questionado por diversas vezes nos corredores do Congresso Nacional, em Brasília, ele não comentar e afirma que só irá falar sobre o assunto quando for convocado por CPI ou alguma comissão da Casa. Durante o V Congresso Fluminense de Municípios, realizado ontem no Rio, o parlamentar classificou a investida do PSol como “discurso rotineiro” e novamente negou-se a falar sobre as contas no exterior.
Enquanto isso, o perfil de Cunha no Facebook é abarrotado de comentários de internautas querendo saber da existência das contas.Sem nenhuma resposta.
Manutenção do poder e sucessão
Para manter-se no cargo, segundo alguns políticos ventilaram anonimamente na imprensa nacional, Cunha costurou um acordo com partidos de oposição ao governo Dilma Rousseff. O intuito destes é sustentar o presidente da Câmara o máximo possível, na tentativa de que ele dê encaminhamento aos pedidos de impeachment da presidente.
Em movimento contrário, alguns políticos já comentam sobre a sucessão de Cunha e um nome apontado por setores é o líder do PMDB Leonardo Picciani, também do Rio de Janeiro. O nome dele tem ganhado força, principalmente, entre os petistas por Picciani ter se mostrado um aliado fiel do Planalto.
Sem comentar a possível sucessão, Picciani disputa indicações, segundo os comentários de bastidores, com Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Miro Teixeira (Rede-RJ), além de aliados do próprio Cunha.
Fonte: Diário do Nordeste
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