Mesmo com a seca “terrível” que ocorre no Nordeste, não há o menor risco de faltar energia na região, afirmou nesta segunda-feira (21) o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim.
Ao participar de uma conferência Internacional de energia, promovida pela Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (Amcham), Tolmasquim destacou que o aumento da oferta de energia eólica e térmica na região tem sido fundamental para que o Nordeste ultrapasse o período de seca sem temer a falta de energia.
“Estamos passando por uma seca terrível em decorrência do (fenômeno) El Niño, mas o risco de faltar energia é zero, justamente por causa das térmicas que estão entrando em operação no Nordeste e também por conta das (usinas) eólicas. Teve dia em que a eólica (energia proveniente dos ventos) chegou a gerar mais que a hídrica e a térmica, que juntas estão gerando quase dois terços da energia consumida na região”, disse o presidente da EPE.
Segundo Tolmasquim, mesmo estando enfrentando uma seca severa há cerca de três anos, o Nordeste continua imune aos riscos de desabastecimento, em parte por causa da entrada das térmicas e das eólicas no Sistema Interligado Nacional (SIN) e também em decorrência da grande flexibilidade desse sistema, que permite o deslocamento de energia entre os diversos subsistemas do País.
“Juntas, as eólicas e as térmicas vêm garantindo a oferta de energia na região, mas também é preciso destacar a flexibilidade do sistema que nos permite esse intercâmbio [de energia]. Há possibilidade de que El Niño estenda esta seca até o próximo ano, mas nesse período vai entrar uma grande quantidade de usinas eólicas. No ano que vem, deveremos gerar 11 mil megawatts (MW), o que será fundamental para dar mais segurança ao Nordeste”, ressaltou.
O presidente da EPE negou que o governo tenha determinado muito cedo o desligamento de algumas das térmicas que abasteciam a regão. “São térmicas muito caras e, com o sistema interligado e mais chuva no Sudeste, temos podido mandar mais energia para a região. E com o Sistema Interliga, o Sudeste, onde houve muita chuva agora, está mandando energia para lá.”
Ainda sobre o fenômeno El Niño, Tomasquim ressaltou que, ao mesmo tempo em que causa seca na Região Nordeste, ele vem provocando muita chuva no Sul do País. “E, no caso do agravamento da seca na Região Nordeste, ainda terá o (subsistema) Sul, que, com a chuva excedente, poderá através do SIN mandar energia para lá”. O fenômeno é causado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico e pela redução dos ventos alísios na região equatorial, o que acaba afetando o clima em nível mundial, por causa da mudança nas correntes atmosféricas.
Fonte: Diário do Nordeste
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