Dilma: impeachment é nova versão de golpe

Dilma CPMFBrasília A presidente Dilma Rousseff (PT) pediu união para o País sair da crise política e econômica. Durante entrevista a uma rádio de Presidente Prudente (SP), ela afirmou que o governo trabalha diuturnamente para garantir estabilidade. “Temos de nos unir e o mais rapidamente, independente das nossas posições, e tomarmos o partido do Brasil, que leva a mudança da nossa situação”, declarou. A presidente disse que algumas pessoas propõem uma ruptura da democracia como saída da crise e classificou esse movimento como “versão moderna do golpe”. “Acredito que tem ainda no Brasil, infelizmente, pessoas que não se conformam que estejamos em uma democracia que tem legitimidade popular. Essas pessoas torcem para o quanto pior melhor, e isso em todas as áreas, na economia e na política”, avaliou. Segundo a presidente, em nenhum país que se passou por dificuldades foi proposta uma ruptura da democracia. “Todos (que querem uma ruptura) esperando oportunidade para pescar em águas turvas. O Brasil tem solidez institucional”, ponderou. Ela afirmou, ainda, que o governo procurou por todos os meios para evitar a crise, mas não foi possível. Pedido de impeachment Ontem, os juristas Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT, Miguel Reale Júnior, ex-ministro da Justiça do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e a professora de Direito da USP, Janaina Paschoal, se reuniram com líderes dos grupos anti-Dilma, num cartório de São Paulo, para reconhecer firmas do pedido de impeachment da presidente, que será protocolado hoje na Câmara Federal. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), havia devolvido o pedido apresentado por Bicudo para que fosse adequado aos padrões exigidos pelo Regimento Interno da Casa. Diante disso, os grupos anti-Dilma aproveitaram a ocasião para articular que o parecer de Reale Júnior e o dos movimentos fosse juntado ao de Bicudo. O objetivo dos grupos é “dar simbolismo” ao ato. Depois de assinar os documentos, o ex-petista rebateu a fala de Dilma. “Impeachment não é golpismo, é um remédio prescrito na Constituição; é golpismo de quem fala que é golpe”. Reale Júnior, por sua vez, disse que já existe ambiente político para o pedido de impeachment. “Lutamos contra a ditadura do fuzil e agora lutamos contra a da propina”. Ambos, Reale e Bicudo, defenderam o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello, em 1992. “Assinei em 1992, sou doutor em impeachment”, brincou Bicudo, que naquele ano era deputado federal pelo PT. O ex-ministro tucano foi inclusive o relator do pedido que foi protocolado na Câmara na época. Questionado sobre um eventual governo Michel Temer, Bicudo disse, de início, que preferiria a opção de novas eleições. “Temos que ter eleições livres e gerais para escolher o novo presidente”. Em seguida, porém, reconheceu que esse é o cenário mais improvável. “Temer terá a nossa vigilância”, disse. Terminado o ato, os manifestantes dos grupos anti-Dilma entoaram palavras de ordem contra o PT e ganharam aplausos de Bicudo, que recebeu uma Bandeira do Brasil. Fonte: Diário do Nordeste
Zeudir Queiroz

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