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Dilma critica corte no Bolsa Família

DIlma RussefBrasília. O Palácio do Planalto informou que não vai aceitar o corte de R$ 10 bilhões no programa Bolsa Família proposto pelo relator do Orçamento de 2016, deputado Ricardo Barros (PP-PR). Ontem, a presidente Dilma Rousseff usou as redes sociais para criticar a iniciativa e classificou o programa como “prioridade máxima” dos governos petistas dela e do ex-presidente Lula, que tiveram início em 2003.
“Não podemos permitir que isso aconteça. Estou certa que o bom senso prevalecerá na destinação de recursos ao programa”, disse a presidente em sua conta do Twitter. Ela afirmou ainda que “cortar o Bolsa Família significa atentar contra 50 milhões de brasileiros que hoje têm uma vida melhor por causa do programa”.

Preocupada com a decisão do relator, Dilma escalou os ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) para conversarem com Barros e tentassem demovê-lo da ideia de diminuir os repasses para o principal programa social do governo. Ontem, os três se encontraram, mas negam que tenham tocado no assunto.

Na avaliação do Palácio do Planalto, o relator estaria usando o Bolsa Família como uma “moeda de troca” para conseguir emplacar outras propostas orçamentárias que encontram resistências no governo.

Bandeira

Mesmo prestes a anunciar um rombo nas contas públicas que pode chegar a R$ 70 bilhões, a presidente não aceita mexer naquela que é uma das principais bandeiras das gestões petistas. Ao falar sobre a necessidade de cortar despesas, Dilma sempre destacou que o governo não mediria esforços para preservar os programas sociais.

Nesta quarta-feira, diversos líderes do PT e de outros partidos criticaram a ideia de diminuir os recursos do Bolsa Família. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que o ajuste era importante, mas que não se poderia “cobrar a conta de quem não pode pagá-la”.

Na terça-feira, dia em que o programa completou 12 anos, a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, já havia saído em defesa do benefício. Ela afirmou que qualquer corte no programa terá impacto no aumento da extrema pobreza.

Um dos argumentos de Barros ao propor a diminuição de recursos para o Bolsa Família é que como o projeto da nova CPMF tem pouca chance de ser aprovado ainda neste ano, não há alternativa senão passar a tesoura em programas sociais.
O relator cita outros motivos para justificar o corte no pagamento: há fraudes no cadastramento e 72% dos beneficiários trabalham e poderiam eventualmente abrir mão da renda extra. Ele também defende que parem de ser incluídas novas famílias no cadastro do programa de transferência de renda.

Sem volta

Ontem, mesmo diante das resistências, Barros disse que não pretende voltar atrás. Ele afirmou que, se o governo quiser, terá de apresentar outra fonte de receita para compensação. “Eu vou propor o corte dos R$ 10 bilhões do Bolsa Família e, quem for contra, terá de fazer em plenário o destaque para indicar de onde tira, é simples”, disse. A redução proposta pelo deputado corresponde a 35% do total previsto para o programa em 2016, de R$ 28,8 bilhões.

“Sempre tivemos muita preocupação com o ajuste e ele precisa ser qualificado. Ele não pode cobrar a conta de quem não pode pagá-la. É essa a inversão que não podemos permitir. O Congresso tem muita responsabilidade com isso”, disse ontem o senador Renan Calheiros. Por também ser presidente do Congresso, Renan será o responsável por conduzir a votação da peça orçamentária, depois que a Comissão Mista de Orçamento finalizar a análise do orçamento.

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE) também fez duras críticas à proposta do relator do projeto de lei orçamentária para 2016. Costa chamou Barros de “Robin Hood às avessas” e classificou a intenção do deputado como uma “piada de mau gosto, absurda e totalmente descabida”.

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz