Segundo parecer de José Eduardo Cardozo, processo foi deflagrado para “mitigar a persecução penal” de investigados na operação
A defesa da presidenta afastada Dilma Rousseff disse nesta segunda-feira, 27, ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o processo de impeachment foi deflagrado com objetivo de “mitigar a persecução penal” de investigados na Operação Lava Jato. A declaração consta no pedido do advogado de Dilma, José Eduardo Cardozo, feito ao STF para ter acesso aos depoimentos de delação premiada do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.
Segundo Cardozo, as declarações de Machado corroboram a tese da defesa da presidenta afastada de que houve desvio de finalidade no ato do presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que deflagrou o processo de impeachment com o objetivo de “evitar a persecução penal de supostos envolvidos em esquema de recebimento de propina que estavam na mira da Operação Lava Jato”.
Além de reafirmar que houve “vingança e interesse pessoal” de Cunha na decisão que abriu o processo de impedimento, a defesa de Dilma também sustentou que o ato teve como finalidade “a satisfação de todo um grupo político”, referindo-se ao PMDB.
Os depoimentos de delação premiada de Sérgio Machado, tomados pela força-tarefa de investigadores da Lava Jato, foram tornados públicos no dia 15 de junho, após decisão do ministro Teori Zavascki. Em um dos depoimentos, Machado disse que repassou propina para mais de 20 políticos de vários partidos.
Além disso, em uma das gravações feitas por Machado, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) defende uma alteração na lei que trata da delação premiada para impedir que presos colaborem com as investigações. Em outro áudio, Renan também conversou com o ex-senador José Sarney sobre a Lava Jato. Na ocasião, Renan afirmou que “não tomou nenhuma iniciativa” ou fez gestões para “dificultar ou obstruir” as investigações da operação Lava Jato.
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