Ciro Gomes está candidato à Presidência da República. O PDT faz incursões no sentido de garantir logo a sua filiação. O ex-governador cearense acha cedo tratar publicamente dessa questão e diz ter como prioridade, no momento, contribuir para a reeleição do prefeito Roberto Cláudio, embora esteja atento aos acontecimentos políticos, de consequências imprevisíveis, inclusive com a possibilidade de antecipação das eleições. A presidente Dilma Rousseff, porém, já foi cientificada, pelo próprio Ciro, da sua disposição de concorrer ao comando da Nação, se contrapondo ao projeto político em curso.
Nas duas oportunidades que tentou ser presidente da República, Ciro representava o PPS. Em ambas foi o terceiro candidato mais votado, chegando a obter mais de 10 milhões de votos na segunda postulação, em 2002. Hoje, o PDT parece ser a sua melhor opção partidária para uma disputa presidencial.
Embora relativamente com pequena representação política nos diversos estados brasileiros, a simbologia da agremiação dá musculatura ao candidato, facilitando, até, a composição com outras siglas, um quadro bem mais significativo em comparação com o das suas duas outras candidaturas.
Trabalhando em São Paulo, próximo da elite empresarial brasileira, e com frequentes passagens por Brasília, onde exercita a sua verve política, no momento, com certa parcimônia, exatamente para evitar os embates naturais em que se envolvem os pretensos candidatos, Ciro expande a defesa de suas posições sobre os mais diversos problemas brasileiros, no instante de grande perplexidade sobre o futuro da Nação, em razão da monumental crise política, moral e econômica, potencializada pela falta de liderança capaz de assumir o comando do barco e levá-lo a um porto seguro.
Ele não esconde as suas reservas quanto a vários aspectos do atual Governo. É de há muito um dos mais críticos da aliança do PT com o PMDB, e da disputa polarizada entre PT e PSDB. Admite, pelos espaços vazios e as denúncias de prevaricação contra uma infinidade de políticos, ser este momento o mais propício para sua terceira postulação.
Suficientes
Lamentavelmente, já há algum tempo, ressente-se o povo brasileiro de verdadeiros líderes políticos, de candidatos a cargos eletivos com reconhecido espírito público e, sobretudo, probo. Há exceções sim, mas, são tão poucas e enfraquecidas que acabam não sendo notadas e, por isso, terminam confundidas com os malfeitores.
Os sucessivos escândalos, nos mais diversos setores da gestão pública, em todos os poderes federal, estaduais e municipais, embora sejam fruto dos ânimos criminosos dos seus autores, por certo têm a grandiosidade comprovada hoje, óbvio, pela falta de verdadeiros líderes.
No caso, aqueles políticos que, não precisando dizer que não roubavam e nem deixavam roubar, davam exemplos de honradez e de respeito à coisa pública suficientes para inibirem o saquear das moedas do erário. E nem é preciso irmos tão longe no tempo para compararmos os que já nos representaram e aqueles cujos cargos, hoje, servem bem a seus propósitos, os econômicos em especial. O cidadão brasileiro, nos dias atuais, não tem estímulo para buscar os mecanismos de informação do funcionamento da máquina pública, apesar das facilidades oferecidas por impositivo da legislação referente à transparência, principalmente pelo entendimento generalizado de estar tudo contaminado.
A próxima disputa de cargos majoritários no Brasil, especialmente de presidente da República, exigirá discursos mais firmes dos postulantes, de modo, não a convencerem aos eleitores, atualmente ressabiados com tantas inverdades, mas capazes de os motivarem a ser menos céticos em relação às promessas.
Ciro pode ser um dos que venham a ter audiência, não só pela fluência como pela consistência do discurso, hoje, por certo, mais embasado. Suas passagens por diversos cargos públicos nas esferas estadual, nacional, e de executivo da iniciativa privada, sem máculas, as credenciam-no a ser ouvido e estar à altura das exigências reclamadas a quem deseja ser presidente do Brasil.
Diferentes
As relações de Ciro com a direção nacional do PDT por certo influenciarão na definição de mudança de partido de todos os cearenses que aceitam sua liderança, e a do irmão Cid Gomes, mas, pelo menos agora, para a disputa da Prefeitura de Fortaleza, ela não será fundamental, tanto que são grandes as chances de todos permanecerem no PROS, com o PDT como patrocinador da postulação de Roberto Cláudio à reeleição.
Edison Silva
Editor de política
Fonte: Diário do Nordeste
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