Salgueiro (PE)/Jati (CE). Com mais de 10 mil trabalhadores nos canteiros de obras – as quais chegam a operar em até três turnos – e contabilizando um fluxo de caixa de aproximadamente R$ 180 milhões mensais para dar conta de toda a despesa, as águas do Rio São Francisco devem estar à disposição do Ceará a partir de outubro deste ano, conforme garantiu o coordenador das obras, Frederico Meiras, em apresentação às comitivas da Assembleia Legislativa e da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).
>Modelo de cobrança ainda está indefinido
Ao mesmo tempo, o governo do Estado, via Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), afirmou que trabalha para finalizar um trecho de 32 quilômetros do Cinturão das Águas do Ceará (CAC) até outubro. A partir deste projeto, será possível levar o volume transposto de Jati ao Castanhão através do Riacho dos Porcos e do Rio Salgado, que deságuam no Rio Jaguaribe, independentemente dos demais trechos da Transposição no Estado, que tem previsão de término para dezembro.
De todo o percurso do CAC necessário para criar este atalho, conforme informou o presidente da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), João Lúcio Farias, aos representantes da Fiec durante visita às obras da Transposição do Rio São Francisco ontem, 22 quilômetros já estão prontos.
Projeto preocupa
No entanto, a falta de informações sobre o andamento e os prazos das obras do CAC despertaram insegurança tanto nos industriais quanto nos parlamentares. “Eu vejo muito mais segurança na Transposição até Jati do que a obra do CAC porque possui recursos do governo estadual também e a gente sabe da dificuldade no caixa. Mas eu creio que, agora, o governa vá dar velocidade para que realmente ele tenha um CAC pronto até o fim do ano para receber a água”, afirmou Bessa Júnior, presidente do Conselho Temático de Cadeias Produtivas e Agronegócios da Fiec.
“O Cinturão das Águas precisa andar paralelamente ao canal da Transposição do Rio São Francisco”, completa Heitor Studart, presidente do Conselho Temático de Infraestrutura da Federação, aconselhando cuidado.
Já o autor do projeto que garantiu a ida da comitiva, deputado Carlos Matos, sugeriu estudos para analisar planos alternativos, citando a execução do CAC mesmo que em manta asfáltica, a possibilidade de acelerar as obras dos lotes e, principalmente, conferir quais as perdas geradas em todas as maneiras de levar a água de Jati até o açude Castanhão.
“Precisamos de um plano B, pois só há duas bombas levando água para o Ceará, da estação de bombeamento de água em Pernambuco para o Ceará”, alertou.
Andamento e garantias
O diretor de obras da Transposição ainda destacou a média de mais de 90% de conclusão na maioria das etapas e afirmou que não há gargalos que impeçam a água do São Francisco de chegar ao Ceará em outubro. O reservatório de Jati, segundo informou, deve levar entre 20 e 30 dias para encher com uma vazão de 50 m³/segundo.
No entanto, alguns ataques aos canais já prontos em Pernambuco pela população preocuparam os cearenses. Uma audiência pública para discutir a segurança hídrica será proposta por Matos, assim como métodos de fiscalização, semelhantes aos usados pela Cogerh. “Cinco anos de seca, uma escassez de água para beber, é natural que o ser humano veja água passar na sua frente e o desespero o faça tomar uma atitude inadequada. Para evitar isso é preciso uma definição conjunta de conscientização e apoio dessa população”, pondera Heitor Studart.
Conforme Meira disse às comitivas, o envolvimento de algumas construtoras da obra na operação Lava Jato não impediu o andamento. Ele afirmou que o rigor nas operações aumentou com o envio de relatórios quinzenalmente ao Tribunal de Contas da União. Considerou ainda uma escolha acertada, pois impediu estagnação das obras e a abertura de outra licitação para a Transposição.
Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/
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