A Copa América agora não e à hora

 
Imagem de divulgação da Web
A Copa América é um torneio promovido pela Conmebol e em seu calendário a competição era para ter sido realizada em 2020 na Colômbia e na Argentina. A Copa, no entanto, foi adiada por conta da pandemia do novo coronavírus. A situação sanitária do ano passado para cá, não mudou. Ao contrário, recrudesceu a segunda onda com mais força e mais letalidade, e os países cotados para sediar o evento abriram mão. A Colômbia, além da pandemia, passa por uma convulsão social séria e a Argentina está em pleno confinamento social em face desta tragédia sanitária. Com as desistências, o presidente da CBF, Rogério Caboclo optou por oferecer ao Brasil este presente de grego. E numa decisão emergencial, o presidente da República deu o aval em meio a uma pandemia que já tirou a vida de mais 473 mil pessoas. Não há como não ter compaixão diante desta catástrofe. Mesmo o futebol sendo o ópio do povo brasileiro, este assunto não pode ser jogado para escanteio. Os argumentos se antagonizam inflamados e se partidarizam – como quase tudo tem se descambado para este lado em nosso país. Em tese, a Copa América poderia ser realizada já que os campeonatos estão acontecendo: Brasileirão, Copa do Brasil, eliminatórias para o Mundial de 2022 no Catar e etc. Então, esse seria mais um torneio e, sem torcida, não impulsionaria risco para o agravamento de uma possível terceira onda. Deixemos de lado a dicotomia que tem tomado força e intoxicado o debate, porque isso não é bom. É muito mais uma demonstração do quão está rasa a neutralidade na nossa sociedade. O politicamente correto só é correto se tiver do meu lado, se concordar comigo. Eu, particularmente, tenho apreço e faço culto pelo contraditório, além de respeitar a opinião do outro mesmo não concordando. E apesar de fazer parte do grupo de brasileiros que aprecia o futebol, que é o esporte dos esportes, minha posição diante dos acontecimentos é cancelar essa competição. A meu juízo, não é oportuna em meio a tanto risco. A covid-19 está sempre à espreita e a curva de transmissão continua ascendente. Valendo ressaltar que o torneio não é bem visto, inclusive, pelos atletas. Realizá-la nesse clima é contraproducente. Não ha dúvidas que mesmo sem torcida, os jogos induzem aglomerações em frente aos estádios, nos barzinhos, restaurantes e etc. A pandemia continua com muita força de transmissão infectando e matando milhares de pessoas. A cobertura vacinal está engatinhando e novas cepas estão eclodindo. Portanto, não é hora para esse evento esportivo ele não tem tanta importância esportiva que justifique um risco a mais. Moacir de Sousa Soares – Ex-secretário de Saúde de Caucaia e atual secretário da Regional V de Fortaleza      
Zeudir Queiroz

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