A Polícia aguarda o resultado do exame de DNA feito em um casal de turistas do Uruguai que esteve com a italiana Gaia Molinari, 29, antes dela ser encontrada morta, no último dia 25. A até então suspeita do crime, a doutoranda carioca Mirian França, continua presa, recolhida à Delegacia de Capturas e Polinter (Decap). De acordo com informações dos servidores da Vara Única de Jijoca de Jericoacoara, o pedido de revogação da prisão da pesquisadora carioca está sendo apreciado, mas não há um prazo para que a decisão sobre a soltura seja proferida.
Segundo informações do defensor público do Estado, Émerson Castelo Branco, da comissão do Núcleo de Atendimento ao Preso Provisório (NUAPP), que defende Mirian França, o grupo tem conhecimento do casal de turistas de nacionalidade uruguaia que foi conduzido à Delegacia de Proteção ao Turista (Deprotur), na Praia de Iracema.
“O exame de DNA demora 15 dias. Foi colhida a saliva deles, um casal de namorados, para comparar com parte de um material genético que foi encontrado no corpo de Gaia. Estamos a par de tudo. Inclusive, que o casal sofreu ilegalidades por parte da Polícia”, explicou.
Em nota, a Polícia Civil do Ceará informou que o casal de turistas estrangeiros foi conduzido à Deprotur, na condição de testemunha, assim como várias outras pessoas. A instituição também confirmou que os dois prestaram depoimento, se colocaram à disposição para coleta de material genético, mas depois de ouvidos foram liberados. O casal já se encontra no Uruguai.
Durante os últimos 14 dias de trabalho, a Deprotur tem estudado diversas linhas de investigação que, segundo a delegada Patrícia Bezerra informou, vem se afinando. Crime de latrocínio (roubo seguido de morte) foi descartado, mas ainda existe a hipótese de crime passional, além de outra vertente, não informada.
Investigação
No dia 25 de dezembro Gaia Molinari foi encontrada morta na Praia de Jericoacoara, em uma localidade conhecida como Serrote, que é caminho para a Pedra Furada, um dos principais pontos turísticos de Jericoacoara. A italiana havia estado hospedada na pousada Nova Era, em Jericoacoara, com a turista do Rio de Janeiro Mirian França.
No dia 26 de dezembro, 24 horas após o crime, a doutoranda carioca foi localizada na Praia de Canoa Quebrada e encaminhada à Deprotur, onde prestou depoimento, inicialmente, como testemunha. Mirian teria tentado induzir a Polícia a uma linha de investigação e apontado um possível suspeito, segundo a delegada Patrícia Bezerra.
Dois dias após o crime, a Polícia Militar encaminhou o primeiro suspeito do caso à Deprotur. O homem foi apontado como o autor do crime, por meio de denúncias de populares. O coronel Júlio Aquino, responsável pelo Comando de Policiamento do Interior (CPI) Norte, levou o homem, nativo de Jericoacoara, para prestar depoimento e realizar exames em Fortaleza. No entanto, nenhuma pista que levasse a crer que ele seria o autor do delito foi encontrada e o homem foi liberado. Para o oficial da PM, foi importante a realização dos exames pois havia o risco de linchamento por parte da população.
Em meio às apurações, surgiu a informação de que um turista era investigado. Na primeira coletiva de imprensa realizada pela Deprotur, foi informado que um representante da Polícia italiana estaria acompanhando o caso, junto da Polícia Civil, e que o vice-consulado da Itália em Fortaleza cuidava do embalsamamento e do traslado do corpo de Gaia Molinari, que ainda está em uma funerária de Fortaleza, no aguardo da documentação necessária para obter o passaporte mortuário.
No dia 29 de dezembro houve uma reviravolta no caso e a Polícia Civil representou a prisão temporária de Mirian França. O juiz da comarca de Jijoca de Jericoacoara entendeu a necessidade da prisão da turista, que ia embarcar para o Rio de Janeiro.
O laudo inicial da turista italiana apontou asfixia por estrangulamento e um segundo laudo atestou que não havia sêmen no corpo de Gaia, porém o resultado não descarta a hipótese de crime sexual. Os laudos que ainda faltam são o toxicológico; de local de crime; e a perícia dos telefones de Gaia e Mirian. Os documentos devem ser apresentados até o próximo dia 15.
Para a mãe de Mirian, Valdicea França, 63, a prisão da carioca teria sido um ato racista. A Defensoria Pública do Estado do Ceará, por sua vez, declarou considerar a prisão de Mirian ilegal. Na última segunda-feira, foi encaminhado o pedido de habeas corpus. De acordo com o defensor público, Émerson Castelo Branco, não há prova da autoria de Mirian no crime.
Jéssika Sisnando
Especial para Polícia
Fonte: Diário do Nordeste
- Polícia Federal Indicia Jair Bolsonaro e 36 Pessoas por tentativa de golpe de estado - 21 de novembro de 2024
- Deputado Apóstolo Luiz Henrique condena divisão entre fiéis e discurso de ódio na política - 21 de novembro de 2024
- Feirão SPC Brasil: renegociação de dívidas com descontos de até 99% - 21 de novembro de 2024