Tio de contadora morta desconfiou desde o início da participação do marido da vítima no crime

“A família não acreditava que tinha sido ele pela proximidade que ela tinha com ele e pela forma como ele era. Ele se mostrava ser uma pessoa pacata, tranquila, mas na verdade ele passou a ser uma pessoa fria, calculista. Mas ele realmente era um cara pacato, tanto que ninguém acreditou que poderia ter sido ele, mas eu suspeitei desde o princípio”, afirma Luciano Bezerra.

De acordo com Luciano, a suspeita veio já horas após o crime, pois a forma como o marido contou a dinâmica da ação, sempre se colocando como vítima e não se importando com a própria mulher assassinada, já acendeu nele um sinal de alerta.

“Quando eu recebi a notícia de madrugada umas 3h30 da manhã, pela minha irmã, eu não entendi como é que poderia ser um assalto , ela foi narrando o que ela sabia e eu fui achando alguma coisa estranha por ninguém vai para uma calçada, uma rua escura e erma para aguar uma planta e ainda mais vendo duas pessoas se aproximarem, achei estranho. Até que nós chegamos à casa da minha irmã e encontrei ele sendo acalentado por ela, pedindo calma, dando carinho e depois que ele começou a contar os fatos e sempre se colocando como a vítima principal, com uma frieza que não lembrava nem da pessoa que tinha falecido no ocorrido eu comecei a achar estranho a forma como ele contou a história.”, relata.

Ausência de armas

Luciano conta também que Leonardo mentiu ao dizer que foi agredido com uma coronhada na cabeça e questionou o fato de ele não ter ser esforçado pra sair do cômodo onde foi trancado para tentar ajudar a mulher.

“Ele contou que os caras estavam armados, que ele tinha visto arma, ele que até foi espancado com a arma , que o cara deu uma coronhada na cabeça dele , mas os caras não estavam armados. Muito estranho matar uma mulher e não matar o marido, o homem da situação, que é o mais forte, geralmente você elimina o mais forte e não a mais fraca. Trancaram ele numa porta de alumínio e ele não conseguiu sair alegando estado de choque. Não teve ação nem de saber como é que esposa estava depois que saiu do local”, comenta.

Dívida de R$ 90 mil

O tio da vítima afirmou que não acredita no argumento de que a motivação para o crime tenha sido por conta de uma dívida no valor de R$ 90 mil. Segundo ele, mesmo que fosse um valor milionário ainda assim não justificaria tal barbaridade contra a sobrinha.

“Eu não acredito que seja uma dívida. R$ 90 mil acaba rapidinho, R$ 90 mil vai embora logo, não é R$ 1 milhão, não são R$ 2 milhões e nem que fossem R$ 10 milhões, não valeria a pena matar uma pessoa para poder livrar uma dívida”, diz.

Tentativa de dopar a vítima e a sogra

O tio de Kaianne revelou ainda que Leonardo teria tentado dopar a mulher e a mãe dela oferecendo uma medicação que ela apresentou para elas como sendo Buscopan, mas elas recusaram. Por conta da suspeita, os frascos de vidro com a substância foi entregue à polícia para serem periciados.

“Ele levou um vidro dizendo ser Buscopan e insistiu para que minha irmã e minha sobrinha tomassem, mas elas disseram que não estavam sentindo nada e não iriam tomar, então ele deixou lá na casa dela. Depois que ele foi preso ela começou a associar uma coisa com a outra e ficou temerosa. Ainda não se sabe o que tem dentro desse vidro, estamos levando esse conteúdo para a polícia para que seja examinado e saber se ele não estava com a intenção de matar a sogra, a minha irmã e as filhas dela porque ele ofereceu o suposto Buscopan para elas e elas não tomaram”, revela.

Pedido de Justiça

Emocionado, Luciano finaliza dizendo que tudo o que a família espera agora é por Justiça que todos os envolvidos na ação criminosa sejam punidos. Chorando, ele lembrou ainda que a sobrinha estava iniciando a carreira e lamentou a partida dela de forma tão precoce.

“A gente aguarda que a justiça seja feita, que sejam condenados, que paguem pelo que fizeram , tiraram a vida de uma pessoa que estava em começo de carreira, batalhadora, era uma menina jovem, a família pede justiça que todas as qualificadoras sejam aplicadas e que eles paguem pelo que eles fizeram”, conclui.

Marido se encontrou com executores horas antes do crime

Após uma investigação coordenada pela Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE), foi identificado Leonardo Nascimento Chaves, de 41 anos, como autor intelectual do feminicídio que resultou na morte da esposa dele, Kaianne Bezerra Lima Chaves, de 35 anos. Os investigadores identificaram que o marido da vítima se encontrou com os dois executores horas antes do crime que ocorreu na residência do casal em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza, no último dia 26 de agosto.

As investigações se destacaram quando os detalhes de um veículo suspeito no estacionamento de um shopping em Aquiraz chamaram a atenção dos investigadores. Esse shopping abriga o supermercado onde Leonardo, o marido da vítima, também esteve pouco antes do crime.

Conforme o depoimento de Leonardo, prestado em 29 de agosto, ele e a esposa haviam ido ao shopping fazer compras e voltaram para casa por volta das 20h00 às 21h00. Posteriormente, ele afirmou que saiu com seu veículo para ir ao supermercado Pinheiro comprar itens para o jantar e, após seu retorno, regou as plantas em sua casa.

Essas informações levaram os investigadores a examinar as ações de Leonardo após o crime, levantando suspeitas de seu possível envolvimento. As imagens das câmeras de segurança do shopping revelaram um encontro de aproximadamente 10 minutos entre Leonardo e os dois suspeitos do crime no estacionamento. A conversa terminou minutos antes dos criminosos invadirem a casa de Kaianne e cometerem o homicídio.

A Polícia Civil, inicialmente considerando o crime como um possível latrocínio, já havia detido dois indivíduos envolvidos na ação criminosa. Com as investigações em curso, os investigadores identificaram o envolvimento direto de Leonardo, o esposo da vítima, como um dos participantes centrais nesse crime chocante.

Fonte: https://gcmais.com.br/