As chuvas registradas de janeiro a junho deste ano só conseguiram acumular 560 milhões de m³ de água- o menor volume dos últimos 17 anos. O índice só perde para 1998, quando o aporte foi de 360 milhões de m³. Débora Rios, diretora de Operações da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh), cita que, em 2004, ano de muitas precipitações, o acúmulo foi de 19 bilhões de m³. Neste ano, a quadra chuvosa chega ao fim, e nenhum açude está sangrando. Dos 151 monitorados pela Cogerh, 32 estão com volume morto e 12 encontram-se secos.
A capacidade de armazenamento dos mananciais é de 18,76 bilhões de m³. Porém, o volume atual é de 3,64 bilhões de m³, o equivalente a 19,40%. Em relação ao igual período do ano passado, quando o volume era de 32,03%, a redução foi de 39,6%. As poucas precipitações, agravadas pelo quarto ano consecutivo de seca, fazem com que 32 municípios tenham de fazer racionamento de água.
Em Crateús, por exemplo, cidade que desde novembro do ano passado vem fazendo racionamento, são dois dias com água e um sem. “É uma maneira também de educar o povo para economizar”, explica o prefeito Mauro Soares. O gestor ainda alerta que a situação é crítica, tanto que o município só tem abastecimento garantido até o próximo mês de outubro. O cenário mais delicado é na área urbana, onde vivem 55 mil pessoas, e a água é apenas para o consumo humano.
Já em Solonópole, o Riacho do Sangue, principal reservatório da área, está com apenas 4,83% da capacidade. “A gente precisa, urgentemente, de uma adutora de montagem rápida, porque a partir de outubro a cidade entra em colapso de abastecimento”, enfatiza o prefeito Webston Pinheiro.
Para agravar a situação, a qualidade da água não serve mais nem para o consumo humano. Sem ter como fazer racionamento, por causa da péssima qualidade da água, a solução encontrada pela Prefeitura foi disponibilizar, através da Defesa Civil, 28 carros-pipas para a zona rural. Mesmo assim, diz, as pessoas já estão começando a se deparar com a falta de água no dia a dia. “Acabamos de entrar no fim da quadra invernosa, imagine como vai ser daqui a três meses?”.
Motivos
Helder Cortez, gerente de Saneamento Rural da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), informa que 32 municípios, dos 151 onde a Companhia opera, fazem racionamento por três motivos: porque os açudes estão secos, para poupar o manancial ou em decorrência da qualidade da água, que é ruim.
Apesar da estiagem, que já fez com que 95 municípios decretassem situação de emergência, chama a atenção que aproximadamente 25% da água gerenciada pela Cagece é desperdiçada dentro das próprias instalações da Companhia. O gerente explica que o órgão desenvolve campanha de vazamento zero de rede para evitar desperdício.
Luana Lima
Repórter
Fonte: Diário do Nordeste
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