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Racionamento de água passa para 39 municípios no Ceará

A seca faz com que se torne mais difícil o acesso à oferta hídrica na zona rural ( Fotos: José Avelino Neto )
A seca faz com que se torne mais difícil o acesso à oferta hídrica na zona rural ( Fotos: José Avelino Neto )

Mombaça. O Estado do Ceará vive a sua pior seca prolongada desde 1910, é o que apontam estudos da Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme). Os efeitos são comparados à centenária catástrofe climática de 1915. Diante do cenário, muitos se perguntam como vamos viver sem água.

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Em todo o Estado, 39 municípios passam por sistema de contingenciamento da água. Deste total, 32 são gerenciados pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e outros sete pelo Sistema de Abastecimento de Água e Esgoto (Saae). Nove cidades que sofrem com a medida são da região do Sertão Central.

Em Mombaça e Piquet Carneiro, a contingência no abastecimento teve início há cerca de dois anos. Os moradores travam uma luta diária para conseguir água. O funcionário público Felinto Granjeiro, 57, explica que há cerca de um ano os problemas no município de Mombaça ficaram maiores.

“A qualidade da água é ruim e chegar água nos bairros é um sofrimento maior do mundo, o pessoal passa de 15 dias sem água. Aqui, se não fossem esses poços que o pessoal vende água particular, o pessoal estava morrendo de sede”, afirma o funcionário público.

De acordo com a Cagece, em Mombaça e nas demais cidades, “o objetivo é preservar ao máximo os mananciais. A vazão é limitada e o abastecimento ocorre em sistema de rodízio. As ações variam conforme a situação de cada município e são consequência da situação de estiagem prolongada”.

Entre os municípios que passam por ações de contingenciamento, sete foram incluídos na lista total neste ano: Araripe, Capistrano, Itapiúna, Beberibe, Monsenhor Tabosa, Reriutaba e Varjota. Cinco distritos também passam pelo problema. Na região, os municípios de Boa Viagem, Pedra Branca, Madalena, Deputado Irapuan Pinheiro, Solonópole e Milhã também enfrentam situação crítica de abastecimento, mas não são gerenciados pela Cagece e sim pelo Saae.

Medidas

As condições nos municípios da região retratam a realidade de um Ceará que desde 2012 sofre com o seu maior drama: a seca. Segundo o Ministério da Integração Nacional, neste ano, 127 municípios decretaram estado de emergência em virtude da seca. Todas as cidades do Sertão Central estão na lista. Em números proporcionais, o Ceará é o terceiro Estado do País com o maior número de municípios incluídos na lista, perdendo apenas para o Rio Grande do Norte e Pernambuco.

Nos oito municípios que já enfrentam problemas no fornecimento de água, Cagece, Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra) e Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) trabalham junto com os poderes municipais para tentar minimizar seus efeitos. Medidas como rodízio de abastecimento, operações com carros-pipas e a busca por novas fontes de captação, como perfuração de poços tubulares e construção de Adutoras de Montagem Rápida (AMR), são tomadas.

Reservatórios

As ações buscam economizar ao máximo o pouco de água que ainda resta nos açudes. Até a última quinta-feira (22), de acordo com a Cogerh, o volume acumulado nas 12 bacias era de 1,681 bilhões de metros cúbicos, uma quantidade ínfima frente aos mais de 18 bilhões que os reservatórios cearenses podem acumular juntos. O total acumulado no Estado chegou a 9%.

A Bacia do Banabuiú, que abarca 19 açudes espalhados pela maior parte da região, é a terceira com o nível mais baixo com apenas 2,38%. Na terra do terceiro maior açude do Estado, o racionamento já é uma realidade. Em um dia chega água nas casas e no outro, falta. Segundo o diretor interino do Sistema Autônomo de Água e Esgoto (Saae), Weveny Kel Carneiro, o racionamento foi estudado pelo órgão: “Hoje é necessário racionar porque a previsão de chuva é zero e, do jeito que está, o nosso açude só tende a piorar”.

Quem tinha uma visão de um reservatório com água a perder de vista no ano de 2010, jamais imaginaria que, neste ano, a situação fosse chegar a esse ponto. “A gente acha ruim, mas é necessário porque, se não for este racionamento, a gente iria era ficar sem água bem ligeirinho”, afirma a moradora Antônia Luciana Firmino.

Em 2010, os açudes da Bacia acumulavam 1,766 bilhões de metros cúbicos, o que correspondia a 63% de sua capacidade. Em todo o Ceará, Segundo os dados da Cogerh, dos 153 açudes monitorados pelo órgão, 27 estão completamente secos e outros 44 estão em volume morto.

dsa

 Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/
Zeudir Queiroz