Canindé. Um projeto piloto criado na área educacional neste município, a 126 quilômetros de Fortaleza, faz a diferença na vida de muitas crianças. Em fase de alfabetização, elas têm acompanhamento especial e conseguem aprender a ler em menos de um ano. O programa funciona em regime de tempo integral, facilitando o contato direto entre diretores, professores, alunos e pais.
Em Canindé, 700 aprendizes participam pela primeira vez no Ceará de uma experiência inovadora, criada pelo próprio município. Todas as salas de aula da escola são do 1º ano e com alunos da mesma idade. “Fiquei muito feliz quando ela começou a ler. O Projeto é importante e observo um avanço na educação das crianças”, afirma Glauciene Uchôa, mãe da aluna Gabriela.
Francisca Milena, de apenas sete anos, residente no bairro da Palestina, já exibe com orgulho o que aprendeu na escola. “Sei fazer o seu nome e leio o que você escrever”, comemora.
Aprendizado
Quem também se sente feliz com o projeto é a mãe da aluna Ana Alice Dantas Araújo de 06 anos. “Minha filha já sabe ler muitas palavras e escreve o nome de muitas coisas que encontra na sua frente. Isso nos dá a certeza que seu futuro será muito promissor”, comemora Carmem Araújo Dantas.
Maria das Dasdores Pessoa, mãe de Ana Vitoria Pessoa, de sete anos, diz que morava em Fortaleza e sua filha tinha dificuldades de aprendizagem. “Em dois anos, não aprendeu o alfabeto. Foi quando tomei conhecimento do Centro de Referência. Voltei para Canindé e matriculei minha Vitória. Aqui, em menos de dois meses, ela aprendeu a escrever o nome completo, os numerais, as vogais. Foi incrível”, elogia.
O depoimento de Elisfabio Brito Duarte dá a dimensão do projeto. “Sou pai de Samuel Lucas que tem transtorno de comportamento com espectro autista. Depois que passou pelo Centro de Referência de Educação Infantil, ele está mais comunicativo e mais sociável. O melhor de tudo é que Samuel está alfabetizado, já saber ler e escrever, mesmo com suas limitações, mas seu progresso é bem evidente”, afirma o pai contente.
Supervisão
Tudo começou com apenas 12 turmas e, atualmente, recebe todas as crianças da cidade. No total, são 21 salas supervisionadas por 22 professoras e uma psicopedagoga que atua em diversas áreas da educação e têm o papel de analisar as causas dos problemas na aprendizagem.
O desejo da criação de um centro que trabalhasse e realizasse estudos na área da alfabetização surgiu por meio do atual prefeito municipal, Celso Crisóstomo, que prestava assessoria pedagógica em outros Estados do Nordeste e nas conversas com as equipes, discutia sobre a diferença na aprendizagem entre escolas de um mesmo município, principalmente, nas turmas do 1º ano onde o trabalho do professor e o acompanhamento da coordenação se tornam bem intensos.
“Esses espaços teriam como ponto principal o entrosamento entre professores, tendo a troca de experiência e estudos na área de alfabetização e letramento”, explica a educadora Sueli Secundinho que começou a preparação do plano.
O Centro de estudos passou a ser um espaço de experiências, se comprometeu a receber alunos não só do 1º ano do Ensino Fundamental como também os alunos da Educação Infantil.
Motivação
“No início, alguns pais mostraram resistência ao programa, pois o novo causa certo impacto e mostravam receio porque as crianças precisavam se deslocar em ônibus e isso não é um hábito nas escolas do interior”, salienta a atual diretora Odília Katyanne. A equipe começou a selecionar professores com o perfil de alfabetizador para fazer em campo o papel motivacional dos pais.
“A partir de então, começamos a matrícula por adesão e iniciamos as aulas no dia 1º de abril com 510 alunos em 28 turmas com 14 professores, tendo à frente uma equipe de sete coordenadores”, diz a idealizadora.
Análises
Todo o processo foi acompanhando de perto, sendo feitas análises contínuas do desenvolvimento dos níveis de cada turma”, diz Júnior Félix coordenador pedagógico. O projeto inicial deste ano conta com setecentas crianças contemplando 10 turmas de infantil 5 e 21 turmas de primeiro no caminho da alfabetização e do letramento.
O projeto foi aprovado pelo Ministério da Educação e posteriormente será colocado na grade curricular das escolas desse nível a partir de 2015 em todo Nordeste, com uma proposta pedagógica avançada no caminho da alfabetização para crianças de ate 07 anos.
O resultado da prova, do Programa de alfabetização na Idade Certa (Paic) rendeu ao município de Canindé, a média de 72% em Português e 70% na disciplina de Matemática, superando os índices anteriores e só se igualando a Sobral, ficando acima de todos as cidades cobertas pela Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação. Esses dados motivaram ainda mais o departamento de educação a dar seguimento ao projeto pioneiro de alfabetização.
Antonio Carlos Alves
Colaborador
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