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Projeto afasta jovens do uso de drogas na Taíba

Por conta da instalação do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) em parte da cidade de São Gonçalo do Amarante, a gestão municipal estima que, em cinco anos, 17 mil pessoas venham a fixar moradia na localidade. A Taíba, sua principal praia, é um dos maiores polos atrativos. Porém, apesar do progresso trazer mais emprego e renda, a população local teme o avanço das drogas na região.

Por meio da Escolinha Taíba Ecosurf, jovens descobrem talentos e passam a se dedicar ao esporte e aprendem sobre os malefícios das drogas, além de desenvolverem também consciência ambiental Foto: Natinho Rodrigues

Após conversas com professores e diretores de escolas públicas da região, a Coordenadoria de Políticas Públicas sobre Drogas do município averiguou que o consumo e o tráfico na região têm aumentado. “Não sabemos ainda de quanto foi este crescimento, mas as escolas são um bom termômetro, pois as crianças e adolescentes são logo atingidos”, avaliou a responsável pelo órgão, Rossana Brasil Kopf.

Somente neste ano, a coordenadoria já internou 13 pessoas com problemas de drogas. Do total, cerca de 80% eram menores de 17 anos, a maior parte por conta do crack. “Um dos internos era da Taíba, além de ser deficiente, não falava e nem escutava”, informou Rossana.

Na Taíba, grupos têm se mobilizado para tentar prevenir e reduzir os danos do tráfico de drogas. O Projeto Escolinha Taíba Ecosurf existe há três anos e, por meio do surfe e da educação ambiental, leva cidadania, desenvolvimento social, e conscientização sobre as drogas a 40 meninos e meninas entre cinco e 18 anos.

O idealizador do projeto, o professor Igres Diniz Bezerra, 35, explica que, logo após a instalação do Cipp, as drogas chegaram com mais força à cidade. “Não é que antes não existisse, mas era mais esporádico, víamos a maconha, mas não o crack, que hoje é uma realidade”.

De acordo com ele, a situação de vulnerabilidade destas crianças muitas vezes está dentro de casa, com pais que também fazem uso de álcool e drogas.

Danos

Rossana Kopf avalia que eles têm curiosidade pelo assunto e demonstram total interesse e aceitação nas palestras ministradas sobre o assunto. “Eles sabem o que são as drogas, mas não têm a noção dos danos irreparáveis que elas podem causar. Falta informação, conversa em casa e na escola para procurar conscientizar estas crianças e adolescentes”, destaca.

O jovem Geraldo Pereira da Silva Júnior, 18, se enquadra bem neste perfil. Antes de entrar no projeto social e começar a ter aulas de surfe, ele fazia uso de maconha de forma esporádica, porém, após ser informado dos prejuízos da substância, se afastou da droga. “Eu passava a maior parte do meu tempo ocioso, então, a gente começa a fazer besteira. Mas, depois, eu vim para o projeto, comecei a ter noção de muita coisa, tanto do respeito ao meio ambiente quanto em relação às drogas, assim, eu me afastei”, diz Geraldo.

Superação

Um exemplo de que o esporte pode mudar vidas e dar novos horizontes a quem antes não tinha nada é o caso do estudante Rafael Sousa dos Santos, 14, que hoje está em quatro lugar nacional e estadual de surfe.

Rafael, mais conhecido como Tigrão, é um modelo para a garotada do projeto. Ele provou a todos que é possível se destacar pelo talento e dedicação ao esporte. “Muita gente oferece drogas, mas eu sou muito mais o surfe. O esporte é que me faz viajar. Por meio dele, eu vou ter uma profissão, além disso, já conheci lugares como Rio de Janeiro e Fernando de Noronha, o que antes eu só sonhava, e agora é real”, disse Tigrão.

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz