Cariús. Os professores da rede municipal de ensino desta cidade, localizada na região Centro-Sul do Ceará, decidiram, ontem, em assembleia geral da categoria, não retornar às salas de aula, na próxima semana, até que a administração municipal efetue o pagamento dos salários atrasados. O clima entre os docentes é de revolta. Com a decisão da categoria, mais de quatro mil alunos ficarão sem aula.
A reunião para debater o atraso no pagamento dos salários dos docentes durou mais de duas horas e foi realizada no Sindicato dos Servidores Municipais de Cariús. Os docentes decidiram por parar as atividades fotos: Honório Barbosa
A reunião para debater o atraso no pagamento dos salários dos docentes durou mais de duas horas e foi realizada no Sindicato dos Servidores Municipais de Cariús. Centenas de professores participaram do encontro. Os vereadores Clébio de Ribinha e Veroneide Ferreira foram solidários à categoria.
De acordo com o Sindicato dos Servidores Municipais de Cariús, todos os professores não receberam um terço de férias e a diferença do piso salarial. Os docentes contratados estão com salário atrasado desde maio passado e os concursados não receberam o mês junho.
“A nossa situação é de dificuldade, pois dependemos dos vencimentos para o pagamento de nossas despesas, como aluguel, mercantil e outras necessidades”, disse a professora, Eudilene Silva.
De acordo com a secretária de Finanças do Município, Maria do Carmo Oliveira, que participou da assembleia, só havia disponível até 30 de junho passado, na conta do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), R$ 548 mil e atualmente esse valor caiu para R$ 44 mil. Ela, entretanto, não explicou o porquê do atraso salarial e a aplicação dos recursos.
O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Cariús, Widerlando Barbosa Gomes, considerou a situação grave. “Vamos formar uma audiência e tentar conversar com o secretário de Educação, Francisco José, e com o prefeito, Gilvan Oliveira, na próxima quarta-feira”, disse. “Queremos encontrar uma solução para esse impasse”.
O representante da Federação dos Trabalhadores no Ceará, Válter Saraiva, lembrou que no município de Quixelô, a administração em abril passado fez uma reforma e reduziu despesas com cargo comissionados para manter o pagamento dos servidores em dia. “Cariús pode seguir esse exemplo de Quixelô”, frisou. “Não se pode aceitar é o atraso salarial e a falta de compromisso com os funcionários”.
Desde maio que o sindicato tenta manter diálogo com o prefeito, Gilvan Oliveira. “Infelizmente não obtivemos resposta, não fomos recebidos para negociação e a administração também não respondeu nenhum dos nossos ofícios”, disse.
Durante a assembleia, houve pronunciamentos de moradores que fizeram duras críticas contra a administração ante a falta de realizações e a precariedade de infraestrutura das escolas, das unidades de saúde e do transporte escolar.
Pais
Os pais dos alunos também são solidários ao momento de dificuldade enfrentado pelos professores municipais. “A gente sente as dificuldades que os docentes estão atravessando e aqui em Cariús a situação é crítica”, observou Edvaldo Ribeiro. “Não sabemos em que os recursos do Fundo de Participação dos Municípios são aplicados”.
ALEX PIMENTEL
COLABORADOR
ENQUETE
Qual a solução para o impasse com a Prefeitura?
“Não vamos retornar as aulas enquanto não houve o pagamento dos nossos salários, pois a nossa situação é de dificuldade e a Prefeitura está desrespeitando a categoria”
Francisco Venilson Ferreira
Professor
“Somente com a paralisação será resolvido o atraso salarial, pois pelo contrário, o município fica protelando qualquer decisão. Pedimos urgência na decisão do prefeito”
Adivaneuda Alves
Professora
Fonte: Diário do Nordeste
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