Seminário trabalha na formulação de um Plano Nacional de Secas, envolvendo todos os setores governamentais
A projeção do Instituto Nacional de Meteorologia para os próximos três meses indica um período de chuva que varia de “normal para mais chuvoso”, segundo Antônio Divino Moura, diretor da instituição, durante palestra sobre Monitoramento e Previsão, um dos temas do Seminário sobre Seca, Impactos e Respostas – Uma Análise da seca de 2012-2013 no Nordeste e Contribuições para uma Política Nacional sobre Secas. O evento, iniciado ontem, prossegue até amanhã no Auditório Waldyr Diogo, da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).
A previsão do presidente do Instituto Nacional de Meteorologia, Antônio Divino Moura, é bem-vinda diante do cenário de três anos de seca FOTO: NATINHO RODRIGUES
Em relação à previsão, considerada uma boa notícia diante do quadro de três anos de seca, Divino faz questão de frisar que, “como o próprio nome diz, é uma previsão. Toda previsão é um termo probabilístico. Nunca devemos esquecer isso. Não se trata de certeza absoluta. Mas é o melhor que pode ser feito em termos do assunto. Entretanto, os nossos critérios têm possibilitado um acerto muito grande. No ano passado, nossas previsões se confirmaram”.
Para o titular da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Luiz Gonzaga Paes Landim, a situação hídrica é apenas um dos componentes da seca. Ele cita o exemplo do Ceará, que tem enfrentado esse problema. “Não seria a questão hídrica uma solução esclerosada. Os altos investimentos em outras regiões do País ameaçam um recrudescimento das desigualdades sociais do Nordeste. Para que isso não ocorra, precisaríamos crescer 2,5% acima da média nacional por 20 anos seguidos. Esse evento é por demais oportuno. A ação de convivência com a seca tem que ser permanente. Espero que possa sair daqui uma diretriz consistente para ser adotada”, diz Gonzaga.
Com as ausências do ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira, que teve que ficar em Brasília para audiência com a presidente Dilma Rousseff, e do assessor do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Rocha Magalhães, que não chegou a tempo da abertura do evento, coube ao governador em exercício, Domingos Filho, dar o tom do encontro, ao lembrar “que o tratamento que se dá ao Nordeste não é o mesmo dispensado a outras regiões, independentemente de quem está à frente do governo, embora, nos últimos tempos, esse tratamento tenha se mostrado mais eficaz”. Domingos destacou que o Ceará tem “a melhor reserva hídrica proporcional do País, mas que o grande problema é fazer a distribuição”.
O secretário de Desenvolvimento Agrário, Nelson Martins, reforçou o ponto de vista, destacando que a ideia do encontro é fazer um diagnóstico bem aprofundado da situação e buscar, além das atuais, novas alternativas para mitigar as estiagens que virão futuramente”.
Para Eduardo Sávio Martins, presidente da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) e um dos idealizadores do encontro, “o objetivo do plano é atuar nacionalmente em diversos setores, sempre com articulação e cooperação entre todos os níveis de governo”. Participaram da abertura o senador Inácio Arruda e diversos deputados.
FERNANDO MAIA
REPÓRTER
Fonte: Diário do Nordeste
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