Pecém. A região tinha tudo para dar certo, não apenas para o turismo, mas também para o mercado imobiliário. Afinal, após amargar décadas de destruição pelo avanço do mar sobre as edificações próximas à orla, o litoral se recompôs e agora há uma extensa faixa de praia, representando mais um atrativo local. Com relação ao mercado imobiliário, as expectativas não eram menores. Com a construção do Porto do Pecém, a siderúrgica e a termelétrica, a expectativa é de um boom da construção civil pela demanda de moradia por parte dos funcionários e serviços agregados.
A realidade é inversa ao que se esperava. Os turistas não vieram e até mesmo os investidores do mercado imobiliário estão migrando para São Gonçalo do Amarante, sede do município, por entender que há mais possibilidades de negócios em médio e longo prazos.
O empresário Jean Leal admite que vendeu boa parte do que possuía em Pecém e passou a concentrar seus investimentos em São Gonçalo do Amarante. A principal razão é o alto preço do metro quadrado. É caro, conforme explica, porque o Pecém tem uma topografia muito limitada. Boa parte do seu território está compreendido no Complexo do Porto do Pecém, com suas reservas ambientais e restrições para novas construções.
Verticalização
Para Jean, a saída do Pecém é a verticalização, isso considerando que haverá um aumento de demanda por unidades habitacionais com a instalação da siderúrgica, a partir do segundo semestre deste. Esse esperado crescimento de mais unidades habitacionais para acolher o trabalhador do lugar é que tem motivado os empreendedores a apostar, nesse momento, na sede do município. Jean observa que, além do fato haver uma oferta considerável de terreno a preço baixo, a cidade também oferece uma infraestrutura mínima para quem deseja morar.
Melhorias
Mesmo sem contar com as melhorias prometidas para breve pela gestão municipal, Jean chama a atenção de que São Gonçalo reúne condições de moradia bem mais favoráveis do que o Pecém, não obstante deter uma praia e uma reserva ambiental. Os atrativos da sede consistem na utilidade básica de seus equipamentos como rede hospitalar, cartórios, escolas e até a instalação de faculdades.
Para o secretário executivo de Meio Ambiente, Carlson Cabral, não é verdade que o Pecém vive momento de crise imobiliária. Ele cita números para reforçar que há uma expansão nos loteamentos. Lembra que, em 2013, foi concedida apenas uma licença de instalação para loteamento. Já em 2014, esse número saltou para 12 e, no ano passado, chegou a 13.
Obras
Também aposta num aporte maior da população, principalmente considerando o número de trabalhadores que atuará na siderúrgica, estimados em cerca de 5 mil. Com isso, informa que, para 2016, o Pecém receberá importantes investimentos: um anel viário, um estádio e uma nova sede para a Secretaria Regional, além de obras de requalificação e reurbanização, com a construção de calçadas padronizadas em diversas ruas do Centro.
Crise
Nos próximos meses, uma obra de drenagem será realizada em Vila Ferreira, para solucionar definitivamente pontos de alagamento que trazem transtornos à comunidade. Uma rede de esgoto tem licitação prevista nos próximos dois meses.
Para Carlson, o município não desdenha da crise econômica que atinge todo o País. No entanto, ressalta que, pelos projetos esperados para a região, a sensação dos investidores é como “se a crise ainda não tivesse chegado ao Pecém”. “Estamos aguardando um grande número de trabalhadores e que precisam ser acomodados. A cidade deve corresponder com condições adequadas e com respeito às legislações em vigor”, adiantou o secretário.
Falta de estrutura para atrair turistas
Pecém. Se não há boas perspectivas para o mercado imobiliário, o turismo também está afetado nesse trecho do litoral Oeste do Ceará. Não obstante a recuperação da faixa de praia, não há quiosques, barracas e outros equipamentos que possam dar comodidade e atrair mais turistas àquela praia.
O comerciante Fernando Chaves observa que a gestão municipal não se sensibilizou com essa questão da infraestrutura, uma vez que todos saem ganhando com a retomada do turismo na região.
“Se um visitante quiser tomar um copo d’água, não tem onde comprar na faixa da orla”, disse Fernando. Com isso, muitas pessoas têm evitado o Pecém, quando, conforme lembra, parece ter recuperado os bons tempos de praia agradável e limpa para os seus frequentadores.
Exploração
Fernando também observa que um dos fatores que também tem contribuído para o visitante evitar aquela praia é a exploração de alguns comerciantes. Como a oferta de produtos é bastante limitada e restrita à rua principal da antiga vila, os preços dos produtos acabam sendo exorbitantes e fora da realidade.
“Aqui se fala nos benefícios do Porto, mas isso não nos tem ajudado. O comércio está fraco, quando poderia desfrutar de um bom momento”, lamentou Fernando Rocha.
Possibilidade
O secretário executivo, Calson Cabral disse que a instalação de quiosque é proibida por lei, se não houver um disciplinamento ambiental. “São terrenos de praia e pertencem à União”, afirmou.
Cabral explicou que a exigência é no sentido de um disciplinamento, a fim de evitar que a praia fique degradada. Por sinal, não há sinais de poluição e a areia está livre da presença de resíduos sólidos. Ele informou que é possível a construção de quiosques por parte dos comerciantes locais, desde que dentro das exigências ambientais do Município.
Mais informações:
Prefeitura de São Gonçalo do Amarante
R. Ivete Alcântara, 120
Centro
Telefone: (85) 3315-4100
Fonte: http://jornaldosmunicipios.com.br/
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