Já considerados como o “Eldorado do Ceará” pelos investidores, os dois municípios apontam crescimento
Caucaia. O Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) começou a funcionar em 2002, e desde então, tem modificado a vida dos moradores e de quem passa dois municípios mais próximos: São Gonçalo do Amarante e Caucaia. A movimentação de pessoas, o número de lojas e até mesmo a qualidade do ar foram modificações sentidas nessas cidades, que fazem parte da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), nesses 12 anos.
Duplicação da Rodovia Estruturante acompanha o fluxo expressivo de veículos, em decorrência do maior fluxo de negócios na região FOTO: KLÉBER GONÇALVES
Ao chegar em São Gonçalo do Amarante, distante 61km de Fortaleza, é possível observar rapidamente que aquela é uma cidade bastante movimentada. Carros, motos e até caminhões passam de um lado para outro a todo o momento. Além disso, vários veículos podem ser vistos estacionados nas principais vias.
Outro fato que evidência as mudanças na cidade durante os últimos anos é quantidade de lojas e comércio abertos. O grande comércio faz com que tanto nas ruas principais ou secundarias exista um grande número de pessoas nas ruas.
“Quando o Porto do Pecém começou a funcionar foi fácil notar que a movimentação na cidade aumentou bastante, seja por novos moradores ou aqueles que estão apenas de passagem”, comentou a comerciante Ana Júlia Tavares, 24.
Porém, ela reclama da poluição no ar após a chegada de mais pessoas e, consequentemente, veículos para a cidade. “Todas essas indústrias construídas aqui perto também devem contribuir para o aumento desse problema”, ressaltou.
Nesse período, Ana Júlia também observou o crescimento no número de obras realizadas no município onde mora. “Muita coisa mudou nesses últimos anos, pois a cidade cresceu”.
Nos próximos seis anos a Prefeitura de São Gonçalo do Amarante espera que a população daquele município passe de 45 mil, numero de hoje, para 150 mil. “A cidade está em mudança constante e teremos um grande desafio, pois um número maior de habitantes vai aumentar também as demandas”, afirmou o prefeito, Cláudio Pinho.
Complexo Industrial e Portuário do Pecém, desde quando começou a funcionar, em 2002, modifica a paisagem urbana no oeste da Região Metropolitana
Hoje, lembrou o gestor, a cidade fica dentro do complexo do Pecém, onde a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP)gera 8 mil empregos e a expectativa é de que a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) tenha um grande impacto na região. “Isso gera maior economia para o município, mas também muita demanda”, frisou.
Devido ao grande número de novos moradores existe uma grande demanda por novos loteamentos, mas, como a capacidade hídrica da cidade ainda é pequena, três barragens terão que ser construídas, ao custo de R$ 2 milhões. Rio Anil, Nova Vista e Salgado dos Moreiras serão as localidades onde as intervenções serão realizadas.
Além disso, a expectativa é de que, ainda nesse ano, o trânsito de todo o município seja municipalizado. Dessa forma, será possível ordenar e fiscalizar o trafego de veículos e também criar linhas de ônibus que liguem os distritos.
No município de Caucaia, que fica a 15km de Fortaleza, também é possível observar toda a transformação ao longo dos últimos 12 anos. Hoje, por exemplo, o Centro da cidade é tão movimentado quanto o de municípios bem maiores.
“Seja pela manhã, de tarde ou à noite, a movimentação de pessoas e veículos na cidade é grande. Se continuar assim daqui a pouco ta pior que cidade grande”, brincou o autônomo Wanderlei Santos Moreira.
Para ele, essa transformação após a implantação do Porto do Pecém foi bom para os moradores da cidade, pois, dessa forma, a população, agora, tem acesso a serviços que antes eram possíveis apenas em outras cidades.
Segundo o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico de Caucaia, Antônio Vieira de Moura, nos últimos cinco anos a população do município subiu de 310 mil para 350 mil e a projeção é de que, em 2023, esse número chegue a um milhão. “Já podemos notar as diferenças que aconteceram de 2004 até hoje”, disse.
Além disso, ele comentou que a expectativa é de que, entre 2017 ou 2018, o Produto Interno Bruto (PIB) de Caucaia seja o maior do Ceará. Há cinco anos a cidade tinha o sexto PIB do Estado e agora está em terceiro. “Devido à refinaria, deveremos ficar a frente de Fortaleza e Maracanaú como maior PIB do Ceará”, explicou.
Moura ainda acrescentou que, desde que o Porto começou a funcionar, 215 novas empresas, entre indústrias, comércio e serviços. “O setor privado investiu R$ 30 bilhões na cidade e gerou 54 mil empregos”.
Para o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico de Caucaia, essas mudanças são importantes porque aumentam a qualidade de vida dos habitantes. Antes para conseguir alguns serviços os moradores precisavam ir até a Capital, mas hoje a história é diferente.
THIAGO ROCHA
REPÓRTER
Região prevê 40 mil novas residências
Caucaia. O crescimento de São Gonçalo do Amarante e de Caucaia também faz crescer o setor imobiliário nesses dois municípios. A expectativa do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cofeci) é de que nos próximos cinco anos 40 mil residências sejam erguidas em toda aquela região. Isso se deve ao aumento de empresas chegando ao Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP).
Shopping center Iandê, em Caucaia, sinaliza o aquecimento do comércio no município, que já concentra principais redes do varejo em seu Centro
Para o tesoureiro do Cofeci, Armando Cavalcante, aquela área da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) ainda vai crescer muito mais, principalmente quando mais indústrias chegarem ao Complexo Industrial e Portuário do Pecém. “Aquilo ali vai explodir. Por isso, que eu digo que aquela região é o Eldorado do Ceará”.
Hoje de acordo com Cavalcante, já existe carência na área quando o assunto são alugueis. Por isso, já existe a estimativa da construção dessas milhares de casas. “40 mil residências é muito para um distritos tão pequeno como aqueles. Vai ser um crescimento espetacular para aquela área”, frisou.
Demanda essencial
Porém, ele ressalta que apesar de ser um grande aumento isso deve acabar acontecendo naturalmente. “Moradia é algo essencial. Por isso, quanto mais pessoas em uma cidade mais investimento é feito”.
O tesoureiro do Cofeci acredita que os grandes executivos das empresas que serão construídas no Complexo Industrial e Portuário do Pecém vão procurar por residência no Cumbuco, distante 29km da Capital, pois é um local que já tem ligação com o Pecém.
O crescimento no número de habitantes na cidade de Caucaia tem assustado a dona de casa Maria Nazário de Assis, 69. “Onde todas essas pessoas vão morar? Não vejo espaço para esse tanto de gente”.
Alerta
Ela ainda acrescentou que junto com esse aumento na população muitos problemas comuns em cidades grandes vão acabar aparecendo naquele município. “Criminalidade, drogas e prostituição será algo normal se todas essas mudanças acontecerem em tão pouco tempo”, disse a dona de casa.
Para Maria a solução seria que esse crescimento ocorresse de uma forma mais lenta. “No meu tempo o número de pessoas morando por aqui demorava a mudar e sempre achei isso muito bom. Espero que aconteça o mesmo agora”.
O aposentado Cristiano Farias de Souza, 66, acredita que São Gonçalo do Amarante ainda tem muito a ganhar com a vinda de novos moradores. “Isso vai obrigar a prefeitura a melhora a infraestrutura e teremos mais oportunidades de emprego para a população. Acho que, em breve, seremos uma das principais cidades do Estado”
Mesmo com todas essas mudanças esperadas para os próximos anos, devido ao aumento de empresas chegando ao Complexo Industrial e Portuário, o aposentado espera que a cidade onde nasceu não mude. “É muita coisa acontecendo ao mesmo tempo e tudo está se transformando. Espero que, mesmo assim, a cidade não mude muito”.
FIQUE POR DENTRO
Cronograma da duplicação da Estruturante
A duplicação da rodovia CE-085, conhecida como Estruturante, também é vista como um dos principais motivos do crescimento de Caucaia e São Gonçalo do Amarante. O prefeito de S. Gonçalo, Claudio Pinho, confirma que a duplicação da Estruturante vai melhorar muito a acessibilidade em toda a região.
A obra tem extensão total de 62km e custou R$ 108 milhões ao poder público. A expectativa do Departamento Estadual de Rodovias (DER) é de que em abril o trecho entre Ponte do Rio Cauípe e a Variante da Refinaria, que tem 12km de extensão, seja entregue.
No mês de maio deve ser entregue o trecho entre o fim da variante da refinaria e o entroncamento da CE 341, com 27km. Por último deve ser entregue, no mês de julho, o trecho entre Caucaia e ponte sobre o rio Cauípe, que terá 21km.
Fonte: Diário do Nordeste
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