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Perda de peixes chega a 635 toneladas no Castanhão

Por enquanto, o material está sendo levado para o aterro sanitário da cidade FOTOS: ELLEN FREITAS
Por enquanto, o material está sendo levado para o aterro sanitário da cidade
FOTOS: ELLEN FREITAS

Jaguaribara. O número de peixes mortos em tanques-rede, no Açude Castanhão, município de Alto Santo, chega a números alarmantes. Em seis dias, a contagem preliminar da Secretaria de Obras do Município é de 635 toneladas. Para piscicultores, os prejuízos são incalculáveis. A baixa oxigenação da água foi a causa apontada de forma preliminar. Mas uma equipe técnica da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) irá investigar detalhes dessa mortandade.

As perdas de tilápia em tanques-rede, que começou na terça feira de semana passada, prossegue até o momento, porém com ocorrências menores. Apenas no primeiro dia foram oito toneladas, afetando quatro criadores. O fenômeno continuou ocorrendo durante a semana e, até o último domingo, quando a Prefeitura contabilizou as toneladas perdidas, esse volume chegou a 635 toneladas e pelo menos 30 piscicultores envolvidos.

“Esse é um número preliminar porque ainda estamos realizando o trabalho de retirada desses peixes da água. Ao passo em que vamos trabalhando, temos a notícia de novas mortandades ocorrendo”, afirmou o titular da Secretaria de Obras de Jaguaribara, Roberto Colares.

Ajuda

Para ter agilidade no processo de retirada do material orgânico da água, de modo a impedir que os restos do pescado contaminem a água, Colares conta que o município precisou intervir junto a outros municípios e a órgãos do governo para ajudar em estrutura. “Conseguimos com o município de Jaguaretama uma caçamba e uma pá carregadeira para ajudar na coleta e a Cogerh nos enviou uma caçamba menor. Um empresário também dispôs uma máquina para ficar no aterro sanitário”, acrescenta.

A medida de descarte encontrada foi levar todo o volume para o aterro sanitário, onde está sendo enterrado. Colares acredita que o trabalho ainda deva durar até a próxima sexta-feira. “Não podemos afirmar se novas mortandades irão acontecer porque a oxigenação da água está muito instável. O que lamentamos é a pouca ajuda de temos dos órgãos governamentais para lidar com essa crise”, lamentou.

Redução

Os piscicultores estão apreensivos com a situação do açude e afirmam que irão reduzir em pelo menos 50% o número de tanques-rede. “Uma reordenação do espelho d’água é muito necessária nesse momento. Temos a consciência de que devemos reduzir o número de gaiolas, mas não dessa forma. Não podemos também deixar de produzir”, desabafou o presidente da Associação dos Aquicultores da Barragem do Castanhão (AABC) Eduardo Chaves. Ele conta que apenas nessa associação, que possui 56 associados, as perdas chegaram a 300 toneladas.

Para o piscicultor Jodean Galdino Souza, nesse momento é arriscado colocar novas levas de alevinos no açude. “Se tiver de colocar, vai ter que ser a metade de antes, para não correr riscos de perder”, esclarece. Galdino conta que, desde o início das mortandades vem monitorando os peixes em suas gaiolas, para que qualquer sinal de comportamento diferente eles sejam retirados. “A medida está sendo essa, retirar e estocar para evitar prejuízos”, acrescenta.

O piscicultor garante que não irá mais colocar gaiolas no açude e revela que toda a sua produção deverá ocorrer em Pernambuco. “Piscicultor que tem um pouco mais de condições esta saindo daqui e indo para os açudes de lá. Eu estou aproveitando que meu sogro e outras pessoas vão para ir também. É um investimento do zero”, revela.

Como publicado pelo Diário do Nordeste na edição do dia 18 de junho passado, os piscicultores alegam que a mortandade pode ter sido ocasionada após uma manobra de liberação de água feita pela Cogerh, utilizada para levar água ao Rio Jaguaribe, na cidade de Itaiçaba. A diminuição drástica de vazão teria contribuído para que a força da água revirasse as águas do fundo, com pouca oxigenação, causando poluição da área adequada para a criação dos peixes. Piscicultores aguardam a comprovação de testes de laboratório para saberem as reais causas da mortandade.

Em nota, a Cogerh informou que, em relação à atividade de piscicultura no açude Castanhão, observa-se que o número de gaiolas aumentou consideravelmente ao longo dos últimos anos, gerando uma população de peixes mais concentrada em pontos da bacia hidráulica do reservatório. Destacou que a mortandade de peixes é um evento passível de ocorrer em qualquer reservatório e que, na grande maioria das vezes, ela está associada com a baixa concentração de oxigênio dissolvido na coluna de água.

Sobre a alegação dos piscicultores, de que uma manobra de aumento de vazão teria desencadeado a mortandade, a Companhia nega qualquer relação com o ocorrido, afirmando que, em diversas ocasiões, a Cogerh já operou a válvula dispersora do Castanhão com variações de vazão sem causar mortandade de peixes. “Em 2014, as variações foram entre 8 a 31 m³/s sem a ocorrência de eventos de mortandade de peixes”, explicou a nota. Acrescentou também que já houve registro mortandade no açude Castanhão, após a quadra chuvosa, em 2013.

Mais informações:

Prefeitura de Jaguaribara
Centro Administrativo
Porcino Maia
Avenida Bezerra de Menezes, 350
Centro – Fone: (88) 3568-4530

Ellen Freitas
Colaboradora

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz