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Pedra Branca é exemplo no combate ao mosquito transmissor da dengue

Enquanto a maioria dos núcleos urbanos apresenta elevado índice de presença do mosquito, em mais de dez anos a taxa esteve abaixo de 0,5%
Enquanto a maioria dos núcleos urbanos apresenta elevado índice de presença do mosquito, em mais de dez anos a taxa esteve abaixo de 0,5%

Pedra Branca O Brasil enfrenta uma infestação do mosquito Aedes aegypti, causador da dengue e de outras doenças há décadas. A cada ano cresce o número de focos e de pessoas contaminadas. Os dados mostram que a metodologia atual de combate não funciona. Mas o que fazer? Uma experiência exitosa é encontrada nesta cidade, no Sertão Central do Ceará. É um conjunto de ações simples: decisão política, uso de método natural em substituição ao veneno, cobertura de reservatórios, limpeza pública e visita mensal dos agentes de endemias.

Enquanto a maioria dos núcleos urbanos apresenta elevado índice de presença do mosquito, há mais de dez anos que neste município, a taxa é inferior a 0,5%. Nos últimos seis meses é zero. Para conhecer o programa de prevenção e combate ao mosquito Aedes aegypti, diretores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) visitam hoje a cidade. A experiência local será levada para outros municípios.

“Queremos conhecer de perto essas ações, que sabemos ser exitosas. Vamos levar a experiência para Tauá, que está com 15% de infestação do Aedes aegypti, um índice elevado, em parceria com a administração da cidade. Será um teste para o método natural e de mobilização realizado com sucesso em Pedra Branca”, disse o diretor da Fiocruz, no Ceará, Fernando Carneiro.

Um dos destaques do conjunto de ações locais é a aplicação de um método natural. Nada de colocação de larvicida. Prioriza-se o uso da “piaba-rabo-de-fogo”, um peixinho muito conhecido entre os moradores, nas caixas de água e em outros reservatórios. É um peixinho de 5cm, mas considerado voraz, capaz de comer até 150 larvas por dia. É preciso, entretanto, instalar adaptador para evitar saída (descida pelo cano).

A cidade dispõe de uma unidade de piscicultura com oito tanques com água com cloro para adaptação da piaba. É uma espécie de quarentena que dura pouco mais de uma semana. O peixinho é captado em rios e açudes da região. Se não houver esse processo, a piaba morre.

O coordenador de Endemias do Município, Donizete Alves, ressalta que, nos últimos 15 anos, mesmo tendo mudanças político-administrativas, houve uma decisão dos gestores em manter prioridade e modelo de combate os focos. “As ações tiveram continuidade. É resultado de um esforço coletivo”, frisou.

Mas, afinal, qual o segredo de Pedra Branca? “Enquanto as demais cidades realizam ciclo (visita dos agentes de endemias) de dois em dois meses, aqui é mensal. Quando se descobre que há focos, fazemos uma verdadeira operação de ataque. Uma raio de 100 metros é isolado, há visitas semanais, mutirão de limpeza das casas, ruas e de terrenos baldios. “O segredo é agir em conjunto, não deixar a larva progredir, chegar à fase adulta”, explica Donizete Alves.

As caixas e reservatórios são telados com uso de gesso, evitando a fixação de prego, que pode deixar brecha para o mosquito. No município, há 153 ovitrampas (armadilhas), um balde preto com argamassa e água para se verificar possível colocação de larvas. Assim, ganha-se tempo. “Com a colaboração de todos, temos um histórico de mais de dez anos de sucesso”, frisou a secretária de Saúde do Município, Ana Paula Albuquerque.

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz