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Pedido do MP causa revolta no Crato

Crato. O pedido de embargo apresentado pelo representante do Ministério Público (MP) no Crato, Lucas Felipe Azevedo de Brito, da 2ª Promotoria de Justiça desta comarca, visando à paralisação nas obras de construção da estátua de Nossa Senhora de Fátima, no bairro Barro Branco, gerou revolta de moradores.

Ministério Público quer suspender a construção da estátua de Nossa Senhora de Fátima, no Crato, por suspeitas de irregularidades Foto: Roberto Crispim

Para a população, com a conclusão da estátua, ruas do bairro passarão a receber melhor infraestrutura, tendo em vista a possibilidade do local vir a ser transformado em área de peregrinação de romeiros.

Para o agricultor Nonato Pereira, a paralisação pode causar prejuízos. “Aqui, além do povo ser muito católico, tem a esperança de melhorias”, diz. No bairro, não há postos de saúde, área de lazer e a maioria das ruas não são calçadas.

O monumento medirá 46 metros de altura. A obra está orçada em R$ 948 mil, com recursos do governo do Estado, através da Secretaria das Cidades, e é confeccionada em fibra de vidro. A construção já dura cinco anos.

Irregularidades

No início do ano, a Justiça determinou a paralisação da obra, atendendo à solicitação do MP. A segunda instância, no entanto, liberou a continuação.

Lucas Felipe Azevedo afirma que as investigações apontam para irregularidades. Segundo ele, há fortes indícios de superfaturamento. “Foi apurado que, na primeira tentativa de construção, houve desvio de recurso superior a R$ 400 mil”, avalia.

Segundo o MP, a construtora já teria recebido mais de 90% dos recursos destinados à estátua. “As medições foram falsificadas, inúmeras vezes, pelos engenheiros e pelos proprietários da construtora”, acusa o promotor.

A Promotoria também solicitou ação por improbidade administrativa contra o proprietário da construtora e os engenheiros responsáveis. Ainda foi apresentada denúncia criminal contra os envolvidos. O MP quer a prisão preventiva do proprietário da empresa Projesul Construções e Serviços Ltda., responsável pela obra.

“O proprietário está em local incerto e não sabido. Nem mesmo durante as diligências policiais houve condição de intimá-lo”, observou o promotor. A empresa, conforme Lucas Felipe Azevedo também estaria fechada. “Por isso o pedido de prisão preventiva solicitado à Justiça”.

A reportagem visitou o local na tentativa de conversar com os responsáveis a respeito das denúncias. Ninguém foi localizado. No canteiro de obras, havia apenas quatro funcionários.

Zeudir Queiroz