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Pecém puxa projetos para a RMF

Cede considera difícil reverter a diferença entre a Capital e Interior devido à atratividade do Complexo do Pecém

Apesar dos esforços empreendidos para a interiorização da indústria, o próprio governo estadual admite que será difícil, nos próximos anos, reverter a concentração presente da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) hoje. O motivo, explica o presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico do Estado (Cede), Alexandre Pereira, é o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), localizado nas cidades de Caucaia e São Gonçalo do Amarante.

Somente neste ano, dos R$ 3,54 bilhões em investimentos pleiteados para o Estado, R$ 1,22 bilhão é de projetos para o Cipp Foto: Fabiane de Paula

“A gente busca levar as empresas para o Interior, essa é a nossa meta. Entretanto, não podemos perder investimentos no caso de eles só quererem se instalar no Cipp e, muitas vezes, é isso que vem acontecendo”, confessa Pereira, que acrescenta também: “O FDI (Fundo de Desenvolvimento Industrial) dá mais incentivos para empreendimentos distantes da RMF, mas, por questões de logística, muitas empresas preferem o Cipp”.

Somente este ano, de janeiro a agosto, por exemplo, dos R$ 3,54 bilhões em investimentos previstos por meio de protocolos de intenções com empresas, R$ 1,22 bilhão, isto é, um terço do total, é direcionado a projetos com localização no Pecém.]

Infraestrutura é diferencial

“A procura pelo Cipp é muito grande. Isso ocorre pela infraestrutura presente do local, a logística, o porto, com uma posição geográfica privilegiada, mais próximo da Europa e Estados Unidos em relação aos demais portos brasileiros. E tem ainda a abertura do Canal do Panamá, que vai intensificar o fluxo de mercadorias por aqui, ou seja, vai haver um ´boom´ de crescimento”, analisa.

Conforme ele, o complexo vai puxar as indústrias cada vez mais nos próximos anos, moldando-se a exemplo do que ocorre atualmente no Complexo Industrial e Portuário de Suape, em Pernambuco, que hoje possui mais de 100 empresas instaladas e outras 35 em fase de implantação. O complexo recebe, atualmente, investimentos da ordem de US$ 17 bilhões.

Integração com regiões

O Cipp, por sua vez, possui, no momento, apenas nove empresas instaladas e em operação e outras seis em instalação, a exemplo da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), o maior empreendimento privado em construção no País hoje. Além destas, outras já estão confirmadas e devem iniciar as obras em breve, como é o caso da Vale Pecém, que será fornecedora de matéria-prima para a CSP.

Já a refinaria Premium II – projeto da Petrobras -, que deve ser o maior empreendimento da região, ainda não possui data definida para o início das obras.

O presidente do Cede defende, todavia, que haja uma integração do Cipp com outros municípios do Interior.

“É importante que o desenvolvimento do Cipp envolva todo o Estado. As empresas que se instalam por lá precisam consumir produtos que podem estar sendo produzidos no Interior. Por exemplo, uma nova indústria vai exigir a compra de fardamento para os operários, que podem ser confeccionados em cidades do Interior. Existem muitas oportunidades de fornecimento que devem ser aproveitadas”, avalia Pereira. (SS)

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz