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Pacientes aprovam atendimento de médicos estrangeiros

Francisca Coelho Severiano, 61 anos, foi ao consultório da cubana Ivia Avia Aguilera apenas para conseguir a prescrição dos remédios necessários ao tratamento da hipertensão. Quarenta e cinco minutos depois, ela saiu da sala com exame físico feito, índice de massa corporal calculado, orientações sobre alimentação e sono, além de encaminhamento para realizar o papanicolau. “Tenho que examinar, pois é a primeira vez que estou olhando para a senhora”, brinca a médica diante da surpresa da paciente, acostumada com permanência no consultório inferior aos dez minutos.

A cadeira, antes disposta no lado oposto do birô, foi arrastada para o lado. “Como fazer medicina sem ficar perto das pessoas?”, indaga Ivia. Junto do marido, Luiz Sanches Suarez, ela está alocada em Amontada – distante 180 quilômetros de Fortaleza – para integrar as equipes de atenção básica. Toda sorte de gente aparece para receber tratamento. Idosos, crianças, pessoas com doenças crônicas, gestantes. Além da chamada demanda espontânea, Ivia também se prontificou a ajudar nos exames de prevenção – antes realizados apenas por um enfermeiro local -, pois muitas mulheres deixaram de realizar o procedimento por timidez.

Dezenas de quilômetros depois, no distrito de Panacuí, cidade de Marco – distante 234 quilômetros da Capital -, a presença de profissionais do programa também tem feito a diferença. Maria da Conceição Nascimento, 32 anos, levou o pequeno Rafael para ser examinado. “Meu filho estava intoxicado por um medicamento indicado por um dos enfermeiros. Acho que foi o primeiro paciente atendido quando a médica chegou aqui. É diferente a forma de tratamento, tem muitas perguntas, muitos detalhes. Até a carteira de vacinação ela pediu para olhar”, diz Conceição. Para sair de Panacuí e chegar à sede do município, é necessário percorrer 48 quilômetros de carroçal (estrada íngreme de terra). Ter atendimento médico perto de casa e disponível diariamente, então, é como um sonho que virou realidade.

Em Mocambo, também distrito de Marco, a aprovação à presença de uma profissional do Mais Médicos é refletida na quantidade de pessoas buscando atendimento. Para chegar ou sair do distrito, são cinco léguas (30 quilômetros, na linguagem dos moradores locais) da cansativa estrada de carroçal e nem todo tipo de veículo pode fazer o percurso.

“Agora, todo dia tem gente para ser atendida. E, mesmo assim, a consulta é demorada, cheia de detalhes e de explicações. Às vezes, a gente não entende a fala muito bem, mas é só pedir para ela repetir ou falar mais devagar. Isso não é problema”, garante a dona de casa Maria Cleane Vasconcelos, 23 anos.

Fonte: O Povo

Zeudir Queiroz