Moradores apostam em mais trabalho e segurança com emancipações de Distritos

Prefeitos de Russas e Pedra Branca são favoráveis ao desmembramento de distritos da zona rural Russas/Quixadá. O distrito de Flores, distante 20km da sede deste município, é um dos que há anos luta por sua emancipação. Por diversas vezes, movimentos emancipacionistas formados dentro da comunidade reivindicaram do poder público municipal o apoio à luta. Poucas pessoas ainda acreditam no desejo da comunidade. Em Flores, o movimento emancipacionista é antigo e tem apoio do Poder Executivo. A localidade já possui um polo industrial ceramista que responde por parcela significativa na geração de impostos do município Fotos: Ellen Freitas/ Alex Pimentel O Distrito de Flores abrange sete comunidades circunvizinhas e conta com população estimada em 10 mil habitantes. Possui duas escolas, sendo uma estadual com ensino médio e outra municipal, até o nono ano. O distrito conta com uma Unidade Básica de Saúde (UBS), agência dos Correios e todos os demais quesitos necessários para sua emancipação, além de um eleitorado em torno de sete mil pessoas. A indústria ceramista instalada em Flores é responsável pela principal geração de empregos da localidade, sendo 25% das indústrias do município instaladas na região do distrito. Além disso, sua sede conta com uma fábrica de peças, duas de confecções e metalúrgica. O comércio atende às demandas da população, mesmo sofrendo com a falta de segurança, principal reivindicação da população. Mesmo com vasta estrutura, seus moradores sonham em poder ter autonomia para administrar os recursos gerados pelo distrito. De acordo com o aposentado José Onesmo, seria muito bom para a população a emancipação. “Se Flores passasse a ser cidade ia ficar mais fácil de resolver vários problemas, mas a gente fica dependendo da cidade e aí nada acontece”, reclama. O distrito fica um pouco mais próximo da cidade de Limoeiro do Norte. São cerca de 15 minutos para chegar ao Centro comercial. É lá que as pessoas utilizam bancos, pagam contas, realizam emplacamento de veículos, dentre outros serviços. A principal reclamação dos moradores é a falta de segurança que tem prejudicado o comércio local. O distrito conta com um posto da Polícia Militar, onde ficam de plantão apenas dois policiais. De acordo com o ceramista Erizardo do Souza, a emancipação melhoraria na segurança e no desenvolvimento do comércio. “Aqui não tem um ponto para se pagar as contas, fazer saques. Até tinha, mas devido aos assaltos, eles fecharam e o comércio perde com isso. Se Flores virar cidade, com certeza vai ter banco e vai aumentar o patrulhamento”, ressaltou. Além de problemas com a segurança, moradores esperam melhorias em obras estruturantes como pavimentação de ruas, iluminação pública e saúde. Com a emancipação, Flores também ficaria com 65% do Perímetro Irrigado Tabuleiro de Russas, que está em sua fase de expansão para sua terceira etapa. E, de acordo com o prefeito do município, Weber Araújo, Russas não perderia tanto com a emancipação. “Para nós é até melhor, porque o distrito poderia centralizar e gerenciar suas receitas. O que é arrecadado de impostos não é muito significativo, já que a população de lá também acaba pagando tributos em Quixeré e Limoeiro do Norte, através da aquisição de bens ou serviços”, explicou o prefeito. Ainda segundo Weber, as obras públicas construídas em Flores serão passadas para a administração da nova cidade. Sertão Central Enquanto tramita no Senado Federal a emenda ao projeto para criação de novos municípios no Brasil, o clima é de expectativa e otimismo no distrito de Mineirolândia, em Pedra Branca, também conhecido como “Cidade da Amizade”. Há mais de cinco décadas a comunidade, situada a 18km do Centro do município, no Sertão Central, luta por sua emancipação. Eles criaram até a Associação do Movimento Emancipalista de Mineirolândia (Amem), explica um dos líderes da mobilização, Raimundo Virgínio Filho, mais conhecido como “Filhote”. Segundo Filhote, a população de Mineirolândia se reuniu diante da FM Educativa São Francisco para ouvir e assistir a votação, no início do mês. Um telão foi montado no local. Os moradores se concentraram das 16 horas às 21 horas para assistir a transmissão, direto da Câmara Federal. Quando a sessão terminou comemoraram. Agora aguardam a data para realização do plebiscito. O restante dos requisitos exigidos pela lei, eles têm, garante o mobilizador. Hoje, Mineirolândia conta com toda infraestrutura exigida para sua emancipação, do posto de saúde ao posto de combustível. Até quanto ao número de habitantes, é bem superior aos 8,5 mil registrados pelo órgão oficial de estatísticas, o IBGE. Conforme Filhote, atualmente são dois mil moradores a mais. O levantamento foi feito pela Amem baseado nos dados fornecidos pelos agentes de saúde da comunidade. Além dos serviços básicos a “Cidade da Amizade” possui emissoras de rádio, telefonia fixa e celular, hotéis, pousadas e a maior atração turística da região, o balneário do Poço da Onça. Os “Jogos da Amizade”, realizados há mais de uma década são outro destaque. O prefeito de Pedra Branca,Pedro Vieira Filho, mais conhecido como Pedro Paraibano, vê a emancipação do distrito com otimismo. Ele foi um dos simpatizantes do movimento emancipalista. Disse ter apoiado e lutado pelo sonho dos moradores. A localidade possui toda a estrutura para conquistar sua independência administrativa. Garante que se tiverem dificuldade no início receberão todo o apoio de sua administração. “Todo cidadão de Mineirolândia continuará sendo filho de Pedra Branca”,acrescentou o gestor municipal. Pedro Paraibano ainda não fez os cálculos do impacto econômico provocado para os cofres de Pedra Branca. Mesmo assim, vê a transformação com otimismo. Além da satisfação, do anseio e da aprovação da maioria da população do município-mãe, Mineirolândia se transformará em um parceiro forte no desenvolvimento da região. É rota obrigatória de acesso de quem parte da Capital para a região serrana. Com certeza, será um bom vizinho. Em julho de 2010, o Caderno Regional do Diário do Nordeste publicou reportagem sobre o sonho de independência da antiga freguesia do Couto. Agora, está mais próximo de se transformar em realidade, avalia a Amem. Pleito “Estamos esperançosos com a emancipação. Flores vai poder crescer e se desenvolver de forma independente” Erizardo do Souza Ceramista de Russas “Há tempos ansiamos pela nossa independência. Agora o sonho está mais próximo de se tornar realidade” Raimundo Virgínio Historiador ELLEN FREITAS/ALEX PIMENTEL COLABORADORES Fonte: Diário do Nordeste
Zeudir Queiroz

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