Com um drone, cedido pela Prefeitura de Maranguape, a reportagem do O POVO registrou imagens aéreas da devastação de parte da Mata Atlântica dali. De cima, o rasgo no verde da floresta úmida surpreende. Serão precisos pelo menos dez anos para recuperar trecho de mais de um hectare desmatado ilegalmente por um empresário.
A constatação é de Paulo Neves, secretário do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Urbano e Agrário de Maranguape. Para ele é urgente se começar o reflorestamento. Como o trecho devastado se deu em altos e baixos do terreno, os riscos de erosão e deslizamento são ameaça que ronda a floresta e os sítios habitados na Aratanha. “Aqui, como está, tanto é danosa uma quadra chuvosa intensa como é arriscado um tempo de estiagem. O problema pode se agravar”, alerta.
Sem a presença das espécies centenárias que foram derrubadas, a terra agora exposta perdeu a trama de raízes que davam sustentação ao solo dali. “O impacto eólico já está se dando de uma maneira diferente e poderá ser mais devastador. E uma chuva mais forte deverá ter o efeito de enxurrada serra abaixo”, prevê Paulo Neves.
Outra imagem que impressiona, ainda mais vista do alto, é a fenda que foi cavada para barrar um das nascentes da Aratanha. O empresário mandou canalizar a água da serra e iniciou a construção de um grande lago na propriedade onde construiria uma casa de veraneio. Aquele entorno, ressalta Paulo Neves, é território onde nasce o rio Cocó. Manancial que atravessa os municípios de Pacatuba, Maracanaú e Fortaleza – onde deságua no oceano Atlântico.
E agora?
O desmatamento de mais de um hectare de Mata Atlântica, denunciado em outubro pelo O POVO, acabou reativando o Comitê Gestor da APA Municipal da Serra da Aratanha e forçando parcerias entre Governo do Estado e a Prefeitura de Maranguape. A burocracia ainda dita o ritmo das ações de reflorestamento e responsabilização do agressor, mas há decisões sendo encaminhadas.
Uma delas, iniciativa da Prefeitura de Maranguape, foi instalar o programa de videomonitoramento de duas entradas da serra de Maranguape. Segundo Paulo Neves, as imagens serão compartilhadas, via internet, entre a Guarda Municipal de Maranguape e a Polícia Ambiental.
Duas câmeras foram instaladas, mas a operacionalidade ainda depende de ajustes para que possa auxiliar no combate a crimes ambientais como transporte ilegal de madeira e carvão.
Além disso, um drone será utilizado para apurar denúncias. A serra é esquadrinhada por propriedades particulares e muitas vezes o acesso é proibido Com o equipamento aéreo o monitoramento será possível.
E, finalmente, a Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Sema) ocupará um escritório na Estação de Inovação e Tecnologias Ambientais de Maranguape. De onde desenvolverá atividades de gestão da Unidade de Conservação da Aratanha.
Saiba mais
Denúncia
Em 9/10/2015, O POVO denunciou o desmatamento da Mata
Atlântica na APA da Aratanha, na localidade de Espírito Santo. Além de destruir parte da mata, também foi barrado um nascente d’água . O secretário Paulo Neves, do Meio Ambiente de Maranguape, a Polícia Civil e a Semace identificaram o empresário José Fernando Leal como responsável pelo crime ambiental.
O POVO aguarda, há mais de um mês, resposta a um pedido de uma entrevista feita a José Leal.
Fonte: O Povo Online
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