Recém-chegado, o grupo Hierros Añon contactou industriais do setor siderúrgico para investir no Estado
Sem ter sequer a terraplanagem iniciada no terreno de 148 hectares, em Caucaia, a laminadora do grupo espanhol Hierros Añon – a Siderúrgica Latino-Americana S/A (Silat) – já começa a atrair novos investidores da cadeia produtiva do aço para o Ceará. Apresentado ao governo pelo presidente do grupo, Manuel Añon, o também espanhol Oscar Heckh pretende instalar uma fábrica de aços pré-pintados no valor aproximado de R$ 30 milhões no Estado. O projeto deve demorar dois anos e já conta com planos de ampliação.
O terreno onde será construída a laminadora da Añon no Ceará está localizado às margens da BR 222, na altura do quilômetro 32, em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) Fotos: Viviane Pinheiro
“Este empreendimento (a Silat) será primordial para o nosso desenvolvimento e dá início a uma nova era no Ceará”, declarou o governador do Estado, Cid Gomes, sobre a formação de um polo siderúrgico no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) a partir da chegada de investidores internacionais como o espanhol e os coreanos da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP).
Presentes à cerimônia de lançamento da pedra fundamental da Silat, eles fizeram coro sobre a necessidade de uma indústria de base do aço e outras tantas de beneficiamento, como a montadora de veículos tão almejada pelo governo estadual.
Mercado favorece
Para Heckh, presidente da empresa Network Steel, instalar uma fábrica de aços pré-pintados no Cipp torna-se atrativo por não ter concorrentes locais e um mercado interno carente. De acordo com ele, os estudos de viabilidade do empreendimento iniciaram há oito meses a partir de um contato feito pelo presidente do grupo Hierros Añon, e, hoje, o projeto encontra-se sob a análise do governo do Estado. Heckh ainda contou da produção de 100 mil toneladas/ano depois de concluída a primeira fase e a geração de 80 empregos.
Ampliação de R$ 55 mi
Para a ampliação, ele conta da necessidade de um investimento do porte de R$ 55 milhões para a geração de 120 postos. “Como não há fornecedor, numa fase posterior, estamos estudando a possibilidade de implantar uma fábrica de aço galvanizado”, disse. O interesse é porque este material será usado como base para a produção da primeira etapa da indústria.
De olho na ZPE
Sobre a instalação de uma laminadora no Ceará, o presidente do grupo Hierros Añon afirmou que a proximidade do Porto do Pecém e a falta de indústrias semelhantes no Estado foram determinantes e ainda declarou o interesse de entrar na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará.
“O Ceará é o mais afastado dos Estados do Sudeste com esta indústria e é mais próximo para exportar a Europa e a América Central”, declarou.
LI ainda é aguardada
Já o presidente da Silat, o brasileiro Luiz Eduardo Moraes, afirma está na emissão da Licença de Instalação (LI) o principal gargalo da empresa.
O documento é necessário para que a terraplanagem seja iniciada. A expectativa era de que seria emitido ainda em outubro pela Superintendência do Meio Ambiente do Estado do Ceará (Semace). No entanto os servidores do órgão seguem em greve, o que retarda a liberação.
“A gente continua confiante de que, ao longo deste mês passamos ter a licença, mas não foi assegurado nada”, disse.
Investimento em energia elétrica será de até R$ 6 mi
Conforme o titular da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), Adail Fontenele, o projeto de implantação da energia está bem encaminhado FOTO: VIVIANE PINHEIRO
O Governo do Estado já possui um projeto para a implantação da infraestrutura energética para abastecer a Siderúrgica Latino Americana (Silat), que será implantada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém e cuja pedra fundamental foi lançada na manhã de ontem. De acordo com o secretário de infraestrutura do Estado, Adail Fontenele, o projeto está sendo discutido em parceria com a Coelce (Companhia Energética do Ceará) e está praticamente resolvido. O titular da Seinfra não informou qual será a energia demandada pelo empreendimento. Mas disse que o investimento será na ordem de R$ 5 milhões a R$ 6 milhões. “O trabalho já está encomendado para a siderúrgica”, contou.
As obras da Silat, assim como da parte de infraestrutura energética, não têm data para começar. A expectativa de Fontenele é que possam ser iniciadas após o período eleitoral. Entretanto, ainda depende de licenciamento junto à Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace). No momento, a Siderúrgica só detém a licença prévia. Já a Licença de Instalação (LI) foi protocolada no último dia 25 de setembro. Com a greve dos servidores da Semace, é possível que a emissão do documento se prolongue um pouco mais.
Início no ano que vem
Apesar da indefinição, a expectativa é que a usina comece a produzir já no fim de 2013. Para isso, as obras precisam ser iniciadas antes do fim deste ano.
Durante o evento de lançamento da pedra fundamental da Silat, que contou com a participação do governador Cid Gomes, o presidente do grupo espanhol Hierros Añon, Manuel Añon, afirmou que um dos motivos da escolha de investir no Ceará se deu pela proximidade do Estado com a Europa e pela estrutura do Porto do Pecém.
Complexo brota
Cid disse que está sendo criada uma nova modalidade de parceria, com a Adece como sócia dos empreendimentos. “Há cinco anos, quando da criação da Adece, já se imaginava a participação do governo estadual como sócio de equipamentos em áreas estratégicas como essa da siderurgia e de montadora de veículos, por exemplo”, afirmou o governador do Ceará.Sobre a importância da criação do polo siderúrcico, ele fez questão de destacar outros exemplos internacionais. “Não há nenhum lugar no mundo que haja desenvolvimento sem a presença de indústria de base”.
FIQUE POR DENTRO
Indutora de empregos
A Siderúrgica Latino-Americana S/A (Silat) é uma empresa de capital fechado, formada pelo governo estadual, com participação de 10% da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece); e pelo Grupo Hierros Añon (90%), que realiza atividades no ramo de ferro e aço desde 1970.
A laminadora produzirá matérias-primas essenciais para a construção de infraestrutura como pontes e edifícios, além de produção de meios de transporte como carros, trens e navios. O objetivo da parceria é promover o crescimento e o desenvolvimento da economia na região, com a geração de emprego e renda, além da arrecadação de impostos.
Atualmente, o Ceará supre a demanda do dentro do próprio Estado com importação. A ideia é produzir o suficiente para atender ao mercado interno, restando o excedente para o restante da região Nordeste e para outras unidades da Federação.
O Brasil, hoje, produz 35 milhões de toneladas por ano de aço bruto, sendo que, deste total, 25 milhões são de aço laminado. As siderúrgicas instaladas no País geram 137 mil empregos diretos, com 3,2 milhões indiretos ou induzidos pelo setor.
ILO SANTIAGO JR.
REPÓRTER
Fonte: Diário do Nordeste
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