Brasília/Fortaleza. O Irã tem interesse em investir na construção das refinarias Premium I, no Maranhão, e Premium II, no Ceará, cujos projetos foram abandonados pela Petrobras em janeiro no ano passado, após uma longa busca por investidores. A informação foi divulgada ontem pela agência de notícias Reuters, após ouvir uma fonte do governo brasileiro que acompanha o assunto.
Ainda nessa quinta-feira, o ministro de Minas e Energia do Brasil, Eduardo Braga, afirmou a jornalistas que, ao longo dos últimos meses, o governo “está tratando com iranianos a questão de refinarias no Brasil”. Porém, não deu mais detalhes.
Braga esteve reunido nesta quinta com a presidente Dilma Rousseff e um grupo de ministros, incluindo o da Fazenda, Nelson Barbosa, para discutir sobre possíveis parcerias comerciais com o Irã. A fonte do governo ouvida pela Reuters salientou, no entanto, que as discussões sobre parcerias na área de refino estão numa fase muito inicial. “Para esse assunto ser tratado como embrionário, ainda tem de evoluir muito”, disse a fonte, sem querer se identificar.
A ideia dos iranianos seria trazer o óleo até o Brasil, refiná-lo no Nordeste e vender os derivados no mercado brasileiro, segundo a fonte, que não detalhou se os atuais preços controlados dos combustíveis poderiam ser um problema. Não havia clareza se o investimento poderia envolver a Petrobras, que retirou os projetos das duas refinarias premium de seu plano de negócios.
Perspectiva
O consultor na área de petróleo e gás, Bruno Iughetti, não acredita que o Irã investirá em refinarias no Brasil, embora o país do Oriente Médio, dono da quarta maior reserva de petróleo do mundo, tenha grande expertise na atividade de refino. “A maior preocupação do Irã, neste momento, é retomar a sua produção de petróleo, reativar seus campos e modernizar suas refinarias, que estão praticamente sucateadas. Ou seja, fazer o dever de casa”, afirma.
Para Bruno Iughetti, a iminente suspensão do embargo ao petróleo iraniano fará o país voltar ao mercado internacional e, consequentemente, produzir em larga escala.
“Se o país integrar novamente a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), poderá produzir 2 milhões de barris por dia. O fim do embargo poderá fazer o preço do barril cair para US$ 22”, acrescenta.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o Governo do Estado informou que, até agora, o Irã não realizou nenhum contato com o Ceará para tratar sobre o possível investimento.
Parceria chinesa
Após a desistência da Petrobras, o governo estadual passou a buscar parceria com o governo Chinês para fazer da refinaria Premium II uma realidade. No fim do ano passado, o Estado pediu à China que incluisse a unidade de refino na lista de prioridades dos investimentos do país asiático no Brasil. “Pedimos que a refinaria do Ceará passe a constar como a prioridade nº 8 do governo Chinês, no acordo Brasil-China. Expusemos a proposta e fizemos a defesa da refinaria, para que o governo chinês a inclua entre suas prioridades. Eles a recepcionaram bem e disseram que vão avaliar”, disse, à época, o secretário para Assuntos Internacionais do Ceará, Antonio Balhmann.
O próprio governador do Ceará, Camilo Santana, já participou de reunião com o embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang, para tratar do assunto. Camilo disse, pouco tempo após assumir o governo, no início do ano passado, que a Premium II é “uma realidade”.
Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/
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