Ceará teve 3.258 assassinatos até dezembro deste ano.
Segundo polícia, trabalho integrado auxilia na redução da violência.
O Ceará registrou 3.258 Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIS) até o momento em 2016. Contudo, apesar da violência, 14 cidades cearenses não registraram nenhum homicídio no ano, conforme levantamento do G1 com base em estatísticas da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Uma dessas cidades é Ipaumirim, localizada na microrregião de Lavras da Mangabeira, no Centro-sul do Ceará.
Com mais de 12 mil habitantes, segundo último balanço o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município fica localizado na divisa do estado da Paraíba.
Moradores de Ipaumirim dizem que a cidade mantém o estilo de vida pacato do interior. Na opinião da operadora de caixa Sthefanny Lopes, 22 anos, a cidade é tranquila.
“Moro aqui há seis anos e acho uma cidade muito tranquila, onde todos se conhecem, andam nas ruas, ficam na praça. Acho que se a cidade não registrou homicídio é muito por conta das pessoas mesmo daqui. Mas não acho que o policiamento seja tão forte, pois apesar de não ter mortes, tem muitos assaltos”, comentou a jovem.
O comerciante Cícero Rocha, 43, acrescenta que a maioria dos moradores se conhecem e que as mesmas famílias vivem há muitos anos no município. Deste modo, quando algum estranho é visto pelas ruas em atitude suspeita, os próprios moradores chamam a polícia para checar e evitar a possibilidade de algum crime. Cícero Rocha também reclamou sobre a quantidade de assaltos.
“Nunca pensei em sair dessa cidade, pois é onde me criei e criei minha família. Ipaumirim cresceu muito mas as pessoas continuam levando uma vida tranquila. Às vezes vem gente de fora para fazer roubos aqui, mas quando vemos chamamos logo a polícia. Aqui é um lugar tranquilo, se comparado com outras cidades do interior que são mais violentas”, disse.
Efetivo
A segurança é feita por agentes da Polícia Civil da delegacia municipal e policiais militares do 10º Batalhão da Polícia Militar, divididos em equipes do Ronda do Quarteirão, Comando Tático Rural (Cotar), Comando de Policiamento do Interior (CPI) e Batalhão de Divisas.
Neste ano, a localidade também recebeu reforço do Batalhão de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (BPRaio), que foi implementado pelo Governo do estado em Iguatu, com seis equipes e 24 carros da polícia. O BPRaio da região Centro-sul atende Ipaumirim e outras 13 cidades. A pasta não repassou o efetivo total da polícia no município.
Ações da polícia
Alcântaras, Ararendá, Baixio, Barroquinha, Catunda, Ererê, Granjeiro, Groaíras, Meruoca, Moraújo, Pacujá, Palhano, e Umari são as demais cidades que não registraram assassinatos em 2016.
O delegado Fellipe Lira da Costa Pereira, que responde pelas cidades de Ipaumirim, Baixio e Umari, afirmou que a polícia tem trabalhado de forma preventiva para evitar homicídios na região. O delegado disse que uma das principais ações é investigar e combater os casos de violência doméstica.
“A maior incidência de crimes (assassinatos) envolve a violência contra a mulher, por isso damos atenção especial ao combate à violência familiar, evitando que as primeiras agressões evoluam para condutas mais graves. Requeremos em até 48h o pedido de medidas protetivas e fiscalizamos o cumprimento. Em caso de descumprimento, representamos pela prisão preventiva de imediato. Assim, evita que as agressões evoluam e cause um dano maior”, descreveu o investigador.
O delegado também apontou fatores que contribuem para que essas cidades do interior não registrem assassinatos. A polícia também tem atuado no combate ao narcotráfico. “Nós combatemos os pequenos pontos de drogas e atuamos na tentativa de conciliação célere nos delitos menos graves, como ameaça e lesões leves evitando crimes mais graves”, pontuou.
Lira acrescentou que o trabalho integrado das polícias Civil e Militar realizado nas cidades têm auxiliado na redução do índice de homicídios e combate de outros delitos.
“É de extrema importância a ação conjunta (das polícias Civil e Militar) tendo em vista que o efetivo nas cidades menores é reduzido. A troca de informações entre a polícia preventiva e judiciária também é bastante importante. Essa boa relação otimiza os resultados tanto no seara da polícia ostensiva quanto da polícia investigativa. Quem sai ganhando com isso na segurança pública é a população”, concluiu o delegado.
O G1 procurou falar com o comandante do 10º Batalhão da Polícia Militar, que responde pelas cidades descritas na matéria, mas as ligações não foram atendidas.
Fonte: http://g1.globo.com/
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