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Investigação Policial: diretor de fundação hospitalar suspeito de envolver-se na morte de enfermeira no Ceará

A Polícia Civil do Ceará está investigando a possível participação do diretor de uma fundação que administra hospitais na morte da enfermeira Jandra Mayandra, de 36 anos. Jandra foi assassinada em 15 de maio deste ano no Bairro Pirambu, em Fortaleza. A informação foi divulgada no Diário da Justiça Eletrônico (DJE) na quinta-feira (25).

De acordo com a publicação, o diretor, responsável pela contratação da vítima para a fundação e o hospital onde ela trabalhava, apresentou “inconsistências” em seu depoimento. A polícia suspeita que a morte de Jandra esteja ligada a um processo de intervenção na fundação.

O Diário da Justiça destaca que o homicídio possui características de um “assassinato profissional”, sugerindo que Jandra poderia ser um alvo devido a informações privilegiadas sobre a fundação, que recebe recursos milionários e é acusada de fraudes. O celular do diretor foi apreendido, e a Justiça autorizou a polícia a acessar seu conteúdo para aprofundar a investigação criminal.

Características do Crime

A Polícia Civil aponta que o crime foi meticulosamente planejado, com uma divisão de tarefas para garantir seu sucesso. A ausência de estojos de munição no local, embora testemunhas afirmem que o atirador utilizou uma pistola, indica a atuação de “assassinos profissionais”. Além disso, há suspeitas de que as munições tenham sido levadas por policiais militares presentes na cena do crime.

Em junho, quatro policiais militares foram presos por suspeita de envolvimento na morte da enfermeira, após consultarem o sistema da polícia para obter informações sobre a vítima. Os agentes foram liberados posteriormente.

Fundação em Investigação

A fundação investigada administra o Hospital São Raimundo, no Crato, além de várias Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) em Fortaleza, Aracati, Jaguaribe, Sobral, Caucaia e São Gonçalo do Amarante. Em 2020, o Ministério Público do Ceará desaprovou as contas da fundação dos anos de 2014 a 2017, apontando irregularidades na prestação de contas, alterações no estatuto sem aprovação ministerial, superfaturamento na aquisição de bens e serviços, e desvio de finalidade.

Documentos do MPCE revelaram que proprietários de empresas fornecedoras de bens hospitalares para a fundação tinham poderes ilimitados para praticar atos de gestão, firmando contratos consigo mesmos e contraindo empréstimos bancários em nome da fundação. Algumas dessas empresas pertenciam a filhos de um ex-prefeito de Juazeiro do Norte, incluindo um deputado federal na época, e outras pessoas ligadas à família instituidora.

Dados do Portal da Transparência indicam que, de 2014 a 2020, a fundação recebeu mais de R$ 440 milhões em recursos públicos de vários municípios. Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) em junho de 2020, nas UPAs de Fortaleza, fundamentou a rejeição das contas pelo MPCE, constatando diversas irregularidades, incluindo:

  • Transferência de recursos entre contas bancárias de contratos de gestão diferentes, sem autorização da Secretaria de Saúde de Fortaleza;
  • Contratação da empresa da companheira do superintendente da fundação;
  • Contratações direcionadas a empresas cujos sócios eram do mesmo grupo familiar do filho do ex-prefeito de Juazeiro, afrontando o princípio da impessoalidade e a lei de improbidade administrativa.

Embora formalmente uma instituição sem fins lucrativos, a fundação declarou como patrimônio apenas Cz$ 50,00 (cinquenta cruzados), oriundos da contribuição inicial de seus instituidores, na consolidação de seu estatuto registrada em novembro de 2019.

Com informações do Gcmais

Zeudir Queiroz