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IFCE Limoeiro do Norte: estudantes rebatem reitor e pedem mais professores e estrutura

Continua a mobilização dos estudantes do Campus Limoeiro do Norte do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE). Desde o final de março, os alunos vêm denunciando a precarização no campus e cobrando que o reitor do Instituto compareça ao município para dar respostas à comunidade, quanto à falta de professores, a deficiências estruturais e a várias outras questões do cotidiano dos cursos. Nota divulgada pelos estudantes no início de abril destacava que os alunos de Nutrição sofrem com problemas “de ordem pedagógica e estrutural”, desde o início das atividades do curso, no segundo semestre de 2009. Agora, além de um abaixo-assinado, uma nova carta aberta, dirigida ao reitor Virgílio Araripe, foi divulgada pela comunidade estudantil e protocolizada no Campus Fortaleza nesta segunda-feira, 14/4.

Na carta, os estudantes expressam indignação com a resposta dada pela Reitoria, por meio de nota, às reivindicações dos alunos de Nutrição e a outros problemas verificados no Campus Limoeiro do IFCE. “Negligenciar os fatos, acreditamos, não é a melhor solução. Quando a Reitoria cita as nossas solicitações como “possíveis reclamações de estudantes”, condiciona os discentes a indivíduos incapazes de questionar e exercer o seu papel como cidadão e ator político”, apontam os estudantes, reafirmando e ampliando a pauta de reivindicações quanto à situação no IFCE Limoeiro.

A ausência de materiais básicos de fundamental importância para a realização de aulas e atividades práticas é reafirmada pelos estudantes, que reiteram que alguns professores por diversas vezes compram materiais do seu próprio salário, para garantir a execução e o roteiro das aulas. “Refutamos a postura da Reitoria, em tentar negar que esses fatos ainda ocorrem no Campus”, destaca a carta dos estudantes ao reitor. “Temos provas concretas de que esses casos não acontecem extraordinariamente”.

Os estudantes cobram a contratação de mais professores efetivos e voltam a reclamar da ausência de dentista no campus, apontando falta de planejamento na liberação, para pós-graduação, do profissional que era responsável pelo atendimento. Também apontaram “descaso do IFCE quanto a projetos de pesquisa e extensão do Curso de Tecnologia em Saneamento Ambiental, em que editais são mal divulgados pelo Setor de Comunicação do Instituto”. “Por conseguinte, o curso vem sendo prejudicado pela falta de professores para submeter projetos, evidenciando a falta de compromisso institucional para a formação do aluno”. Há ainda sobrecarga para o professor substituto do citado curso.

Segundo os estudantes, é necessária melhor distribuição do auxílio-formação, evitando a situação atual, em que há laboratórios que sofrem com a falta de bolsistas, enquanto outros contam com número excessivo. Outros problemas apontados pelos discentes são a necessidade de reforma urgente da Planta Piloto de Alimentos (atualmente com várias rachaduras) e a urgência na revitalização dos laboratórios de Mecatrônica, Eletroeletrônica e Mecânica, do curso de Tecnologia em Mecatrônica, que contam com “grande número de equipamento sucateados” e promessa feita há cinco anos quanto à instalação de um laboratório de robótica, nunca executado.

Auxílios não recebidos

A carta dos estudantes do IFCE Limoeiro do Norte ressalta ainda que há problemas no pagamento da Assistência Estudantil, principalmente para os alunos do 1o. semestre. O diminuto número de estudantes com a possibilidade de recebimento dos auxílios mais procurados (moradia, alimentação e transporte) acaba contribuindo para aumento da evasão escolar.

Informações quanto aos processos de construção do novo campus no bairro Antônio Holanda, um projeto pedagógico de qualidade para o curso de Agronomia, mais participação dos estudantes nos processos decisórios e mais transparência na aplicação do orçamento do IFCE Limoeiro são outras reivindicações feitas pelos estudantes na carta endereçada ao reitor.

Por fim, os estudantes voltam a cobrar a presença do professor Virgílio Araripe em Limoeiro, para debater presencialmente os problemas do campus. “Apresentar-se por intermédio de ‘notas’ não é o melhor caminho para a solução dos problemas. Estamos convictos dos nossos direitos e não recuaremos! Vamos continuar o processo de mobilização estudantil, combatendo toda tentativa de desarticulação movida por interesses particulares.  Por fim, reivindicamos a presença imediata do reitor em nosso campus, para que possamos debater todas as demandas levantadas”.

Sindicato dos servidores apoia estudantes

Para a Diretoria Colegiada do Sindicato dos Servidores do IFCE (SINDSIFCE), a situação denunciada pelos estudantes do Campus Limoeiro, de há muito destacada também pelos servidores, é mais um exemplo da precarização que é realidade em diversos campi do Instituto. O IFCE sofre diretamente as consequências da precarização e da expansão acelerada da rede federal de educação tecnológica, com a abertura de novos campi, sem os devidos cuidados, investimentos, planejamento para garantia de estrutura e de pessoal, apontam os diretores do Sindicato.

O Sindicato destaca a altivez dos estudantes em denunciar os vários problemas registrados no IFCE Limoeiro e em rebater a nota divulgada pela Reitoria, como a única resposta da administração do Instituto, até então, quanto a vários e graves  problemas que colocam em xeque a qualidade de ensino no campus da região jaguaribana. E cobra que o reitor atenda ao apelo dos estudantes, comparecendo ao Campus Limoeiro para debater pessoalmente as questões levantadas, providenciando o quanto antes soluções concretas para os problemas.

                                                SINDICATO DOS SERVIDORES DO IFCE (SINDSIFCE)

Zeudir Queiroz