Eleições 2024

Horário eleitoral na televisão acirrará disputas em cidades do Interior cearense

O consultor político Carlos Manhanelli afirma que é enorme o impacto do horário eleitoral na televisão em municípios ainda desacostumados com o recurso
O consultor político Carlos Manhanelli afirma que é enorme o impacto do horário eleitoral na televisão em municípios ainda desacostumados com o recurso

Pelo menos cinco municípios além de Fortaleza terão durante as eleições de 2016 espaços dedicados na televisão ao horário eleitoral gratuito local, acirrando a disputa travada em cada uma dessas cidades. Com emissoras detentoras de concessões em vigência, Juazeiro do Norte, Caucaia, Sobral, Aracati e Pacajus são as regiões fora da Capital que podem ter no próximo ano candidatos e partidos obrigados a produzirem programas e inserções dedicados à atração dos votos dos eleitores.

Especialistas apontam que o impacto da propaganda eleitoral na televisão ainda é capaz de definir o resultado das eleições e destacam que, em municípios de médio porte, com a maioria de eleitores e candidatos desacostumados com o recurso, a influência sobre o eleitorado tende a ser mais sólida do que costuma ocorrer em Fortaleza.

O presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos (ABCOP), Carlos Manhanelli, afirma que a televisão continua hoje como o principal recurso na campanha eleitoral, mas credita o quadro principalmente às inserções de 30 segundos veiculadas ao longo da programação. Na visão dele, são elas que têm a responsabilidade por provocar o maior impacto nos municípios do Interior do Estado e nas cidades da Região Metropolitana de Fortaleza.

“Obviamente que a televisão nos municípios em que a propaganda eleitoral ainda é uma novidade tem um impacto enorme. Não tem como não chamar atenção. Mas principalmente as inserções de 30 segundos no bloco comercial ao longo do dia é que terão mais peso, porque vão pegar o eleitor desprevenido”, frisa Carlos Manhanelli.

Realidade

O presidente da ABCOP ressalta que a realidade não é somente no Brasil e cita as campanhas vitoriosas de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos. “Um dos estrategistas veio dizer que, no Brasil, compraram a ideia de que Obama ganhou a primeira eleição por causa da internet. Na verdade, a internet deu dinheiro para ele investir na televisão e ganhar a eleição.”

O cientista político José Roberto Siebra, professor da Universidade Regional do Cariri (URCA), lembra que a veiculação na televisão de programas eleitorais próprios transformaram o cenário das eleições de 2012 em Juazeiro do Norte, ano em que o município já contava com emissora dedicada à programação local.

O docente explica que as restrições impostas às demais estratégias de atrair o voto do eleitorado motivaram os postulantes a investirem maciçamente no horário eleitoral gratuito. “A televisão é quem define. Na campanha passada teve muita restrição à realização de comício, entrega de brindes. Então, investiram muito pesado nesses programas para a televisão”, detalha o cientista político.

Juazeiro

José Roberto Siebra assegura que os candidatos, em Juazeiro do Norte, não apresentaram tantas dificuldades e souberam aliar as inserções na televisão ao restante da estrutura de campanha. “Não dá para pensar o horário eleitoral fora de uma propaganda de mídia. A gente tem que pensar como um conjunto geral. O horário está apenas dentro desse processo”, esclarece.

O professor acrescenta que a importância da propaganda eleitoral na televisão ainda é tão relevante que assume papel fundamental na formação das coligações para a disputa eleitoral.

Especialista em marketing político, Luiz Teixeira Santos, membro da Associação Brasileira de Consultores Políticos, afirma que os candidatos de Juazeiro do Norte, Sobral, Caucaia, Aracati e Pacajus têm agora a condição de se apresentar aos eleitores como nunca antes conseguiram em outros pleitos.

“Horário eleitoral é muita exposição, é um sonho de plano de mídia de qualquer empresa. Vai ser uma oportunidade única para colocar e expor suas ideias para muito mais pessoas”, destaca Luiz Teixeira Santos.

Luiz Teixeira Santos também prevê o comportamento do eleito influenciado a favorecer quem está na situação. Na avaliação do especialista, o fato de a eleição municipal contar com horário eleitoral na televisão transferirá a impressão de crescimento do município.

“Tenho a impressão que terão duas reações. O eleitorado mais preparado vai ter o olhar crítico. Mas vai ter o eleitor que enxergará aquilo como sinal de que o município cresceu. Os nomes que estão expostos podem tentar se fortalecer com isso, podem se aproveitar disso”, analisa.

O especialista acredita, contudo, que as inserções ainda demandarão certo tempo para conseguir explorar os benefícios trazidos pelo mecanismo. Além de serem estruturas de campanha sem tantos recursos, como na Capital, há ainda a falta de hábito com o uso da ferramenta. “O lado ruim é que a grande maioria não tem hábito.”

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz