Quatro mil agentes de endemias, 18 mil agentes de saúde e soldados do Exército Brasileiro irão visitar todas as residências do Ceará e telar as caixas d’águas destas moradias até janeiro de 2016. As ações – que serão executadas pelo Governo do Estado, em parceria com a União e os municípios, para tentar combater o mosquito Aedes aegypti, presente no Estado há quase 30 anos – foram anunciadas ontem pela gestão estadual. As medidas integram o Plano Estadual de Enfrentamento ao Mosquito, agora, motivo de preocupação acentuada devido à transmissão também do zika vírus, que causa microcefalia em bebês. Cerca de 2,3 milhões de imóveis devem ser vistoriados.
> 116 mil imóveis têm alto risco de focos
Com a população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 8.904.459 habitantes e um total de 2.365.102 domicílios particulares permanentes, o Ceará já registrou, neste ano 54.582 casos de dengue, conforme o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) no dia 18 deste mês. Presente em 94,5% dos municípios do Estado, a dengue já provou 66 óbitos este ano. Já os casos suspeitos de microcefalia relacionada ao vírus Zika, totalizam 127 no Estado e um confirmado, distribuídos em 37 municípios.
Diante deste quadro, as medidas foram anunciadas, ontem, pelo Governo Estadual em solenidade realizada no Centro de Eventos, em Fortaleza. Além das residências a serem percorridas pelo agentes de saúde, de endemias e os soldados do Exército, o governador Camilo Santana também assinou um decreto que criou o Comitê Gestor Estadual de Políticas de Enfrentamento a Dengue, Chikungunya e Zika.
Enfrentamento
O grupo intersetorial terá como sede o Palácio da Abolição e contará com a participação de 16 órgãos das três esferas de poder: municipal, estadual e federal. Reuniões mensais irão nortear a atuação do Comitê. Na ocasião, o governador também assinou outro decreto que criou brigadas para inspecionar todos os prédios públicos estaduais para combater focos do mosquito. O titular da Sesa, Henrique Javi, destacou que o combate ao mosquito “é a grande ação de enfrentamento imediato” e ressaltou que não pode mais ficar “restrita à área da saúde”.
“Queremos realizar todas as visitas aos imóveis neste período pré-chuvoso e o Exército irá acompanhar os agentes de saúde, telar as caixas d’água e monitorar, além de fazer a pulverização com larvicida”, explicou. O comandante da 10ª Região Militar, general, Marcos Antônio Freire Gomes, informou que os soldados já estão passando por capacitação para atuarem.
Conforme o general, uma reunião realizada pela União em Recife, na semana passada, orientou que o trabalho seja realizado pelos soldados que já atuam na Operação Carro-pipa. Hoje, há um efetivo do Exército em 140, dos 184 municípios do Ceará.
O governador destacou que ações exitosas realizadas em municípios com baixos índices de incidência do mosquito no Ceará podem ser replicadas nas demais cidades cearenses. Os valores a sere investidos para custear as ações não foram divulgados.
Mudanças
Sobre as ações propostas, o médico infectologista Anastácio Queiroz afirma que os criadouros são os mesmos de sempre, mas que por conhecer o que foi feito e não resultou positivamente, as mudanças serão necessárias. “Acredito que esse movimento todo acontecendo agora seja muito mais pela presença do zika. Apesar do trabalho ter sido mantido por décadas, continuamos com a mesma dificuldade. Com o tempo mais quente, o mosquito se multiplica em um tempo menor, mas isso não muda as estratégias, apesar de conhecermos todo tipo de criadouro, não temos sido capazes de eliminar de modo definitivo. Todos os criadouros que tínhamos na década de 80, são os que temos hoje”, diz.
O médico admite que há falhas do governo e das pessoas. “A população tem que fazer a obrigação dela. A vantagem que temos é saber tudo que não deu certo. Agora, temos que trabalhar corrigindo as falhas, seja por parte da ação governamental, ou por parte da população”. (Colaborou Emanoela Campelo)
Mais informações
Para denunciar a presença de focos de dengue, a população pode ligar para Secretaria Municipal de Saúde (3105.1504) e Alô Saúde do Estado, no 0800.275.1520
Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/
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