Uece deve adotar Enem/Sisu e manter o tradicional vestibular

Robson Cavalcante
A Universidade Estadual do Ceará (Uece) deve adotar, em 2015.1, dois modelos de seleção para ingresso na instituição. A proposta apresentada, ontem, a estudantes, professores, servidores e integrantes de movimentos sociais, por uma comissão técnica que analisa o assunto na Universidade, prevê que, no primeiro processo, seletivo do ano, a Uece destinará 50% das vagas para estudantes que tenham feito o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e ingressarão através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Os outros 50% seguirão o vestibular tradicional. Na segunda seleção do ano predominará o formato tradicional. A adoção da medida, que, desde o ano passado, é analisada na Universidade, passará ainda pelo “crivo” do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da instituição, que deve reunir-se no dia 10 de março, e pelo Conselho Universitário (Consu), que tem reunião agendada para o dia 14 de abril. A estimativa do reitor da Uece, Jackson Sampaio, é que, até maio, a decisão tenha sido oficializada. De acordo com Jackson, com a adesão ao Sisu, do total de 4.200 vagas ofertadas, anualmente, pela estadual, 1.100 deverão ser preenchidas por alunos que fizerem o Enem. Atualmente, conforme o reitor, baseado em uma pequisa interna, é possível garantir que 48% dos estudantes da Uece são oriundos de escola pública. Nas licenciaturas do interior, esse percentual chega a 98%. COTAS A DEFINIR Dentro desses 50%, a Universidade ainda definirá o percentual das cotas raciais, sociais e econômicas. A estimativa é que a adoção das cotas perdure por cinco anos contados a partir da adesão. “Temos sido cautelosos e, há alguns meses, estamos discutindo essa questão. Ficamos muito felizes com a acolhida da nossa proposta. Dentro dessas vagas, vamos discutir o percentual de proporção da ocupação. Vamos analisar o perfil social, étnico e racial da população cearense para definirmos o recorte”, explicou. A adesão ao Enem/Sisu irá vigorar em todos os cursos e campi da Uece. Para o reitor, a política facilitará o ingresso democrático à Universidade e irá reafirmar a situação já recorrente nos seis campi de ensino do interior. “Em Itapipoca, Crateús, Tauá, Iguatu, Quixadá e Limoeiro, as unidades basicamente oferecem licenciatura e a presença do estudante originado de escola pública já é em grande proporção. Isso deve ser extendido aos bacharelados da Capital”, completou. Para a integrante da comissão técnica que apresentou a proposta, professora Zelma Madeira, que também é coordenadora de Ação Afimartiva da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) e coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Afrobrasilidade, Gênero e Família (Nuafro) na Uece, o maior passo já foi dado, restando, agora, a definição do formato a ser adotado. INGRESSO DEMOCRÁTICO De acordo com ela, a adoção das cotas é uma forma de ingresso mais democrática no ensino superior, que efetiva o direito de segmentos excluídos entrarem na universidade sem perder o mérito. Conforme a professora, o modelo apresentado ontem é fruto de meses de estudos e análises feitas, inclusive, a partir de outras instituições que também aderiram às políticas afirmativas. “O que vamos fechar é qual o percentual das cotas raciais e sociais. Sabemos que vamos levar em conta que o aluno seja de escola pública e os critérios racial e socioeconômico. Temos duas propostas, que é a da Lei Federal 12.711/2012, onde é estabelecido que o estudantes têm que ser de escola  pública e, em seguida, observam-se critérios raciais e o modelo da UnB [Universidade de Brasília], onde  predomina a cota racial e, depois, leva-se em conta a origem da escola pública e a renda”, argumentou. AVALIAÇÃO Conforme a estudante de Serviço Social, Liniane Santos, os universitários da Uece veem a adesão como um avanço, principalmente, se comparado ao debate feito em outras estaduais. De acordo com ela, das propostas de preenchimento dos 50%, expostas ontem, a segunda, sem dúvidas, contempla mais os anseios dos estudantes negros. “É positivo, mas queremos clareza na definição do tempo de avaliação dessa implantação da política de cotas”, completou. PROPOSTA A SER  IMPLEMENTADA • Primeira Seleção 50% das vagas para alunos que fizeram o Enem = 1.100 vagas 50% das vagas para alunos no modelo tradicional de vestibular = 1.100 vagas • Segunda Seleção 100% das vagas para alunos no modelo tradicional de vestibular = 2.000 vagas Informou: THATIANY NASCIMENTO Fonte: Jornal O Estado CE

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