Motoristas e cobradores de ônibus de Fortaleza e dos que fazem as linhas intermunicipal e interestadual podem voltar hoje a paralisar atividades em apoio ao Dia Estadual de Lutas. Ontem, empregados das empresas Vega, Fretcar, Guanabara, Princesa dos Inhamuns, São Benedito, Gontijo e Itapemirim, cruzaram os braços. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviários do Ceará (Sintro-CE), quatro terminais deverão ser fechados por duas horas na manhã de hoje. Uma manifestação está marcada para as 10h na Praça Portugal. Decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) determina que o sintro abdique dos atos.
A paralisação de ontem atingiu principalmente quem precisou viajar para o Interior ou fora do Estado. Já para o transporte em na Capital, o Sindiônibus promoveu um remanejamento da frota de outras empresas para atender pelo menos em parte a necessidade de deslocamento.
Hoje, haverá a 6ª rodada de negociação entre patrões e empregados, na sede do Ministério do Trabalho. Segundo o vice-presidente do Sintro, Sérgio Barbosa, se nada ficar acordado, a entidade trabalhista irá divulgar assembleia convocatória, que ocorrerá no prazo de 72 horas. A categoria votará se entra em greve por tempo indeterminado. Eles querem um reajuste de 18%; vale refeição de R$ 12,00; cesta básica de R$ 120,00 e passe livre para os trabalhadores urbano e metropolitano.
Durante toda a manhã, na Rodoviária João Thomé, muita gente reclamou, mostrando indignação pela falta de esclarecimentos por parte das empresas e trabalhadores. Entre os motivos da paralisação, o corte do ponto do dia e o fechamento da garagem pela manhã anunciados pela Vega em razão de os motoristas e cobradores terem realizado, entre 4h e 6h, uma assembleia.
Paradas
Dirigentes do Sintro e do Sindicato e dos Trabalhadores das Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros Intermunicipal e Interestadual do Estado do Ceará (Sinteti) definiram pela paralisação os empregados das sete empresas. No fim da manhã, Vega e Fretcar continuaram paradas. O restante foi voltando aos poucos.
O Sindiônibus divulgou nota, considerando a ação do Sintro um desrespeito à população e às leis. A entidade garante que não existe na lei o “estado de greve” conforme anunciado pelo Sintro. Uma greve no sistema de transporte, ressalta a entidade, obrigatoriamente necessita de procedimentos legais, tais como a comunicação prévia ao Sindiônibus e aos usuários com uma antecedência de 72 horas e a definição de uma frota mínima para o atendimento à população. “Nada disso foi feito pelo Sintro. Qualquer paralisação que não siga esse rito estará ferindo frontalmente às leis e ao próprio direito de greve, instrumento legal do trabalhador”.
O Sindiônibus reafirma que “estranha que em meio às negociações e com uma reunião marcada para hoje, o Sintro ameace a população com paralisações”.
No entanto, ontem à noite, decisão do Tribunal Regional do Trabalho determinou ao Sintro “abster-se de interditar garagens das empresas associadas aos Sindiônibus e terminais de integração de Fortaleza, mantendo-se os manifestantes a um raio de, pelo menos, 500 (quinhentos) metros de distância desses locais, impondo-se penalização pecuniária no valor de R$100.000,00 (cem mil reais), por cada hora de interdição”.
Além disso, a decisão determina que o Sintro se abstenha de promover a paralisação por suas horas ou realização de qualquer ato sem a prévia comunicação ao Sindiônibus e aos usuários do sistema de transporte coletivo e de impedir o acesso ao trabalho de empregados que desejam trabalhar. Em caso de descumprimento, a multa é de R$200 mil.
Segundo o gerente administrativo da Fretcar, Paulo Sarubbi, a empresa foi uma das duas a continuar as atividades durante o dia, com uma frota de 100 ônibus. “Não fomos informados com antecedência sobre essa paralisação. Acredito que é um grade prejuízo não só para nós, mas toda a sociedade”. A Fretcar é responsável por linhas intermunicipais no litoral da Capital até o Litoral Oeste, além do sertão de Crateús.
Segundo a assessoria do Expresso Guanabara, a empresa tem cuidado para avisar aos usuários e órgãos responsáveis sobre os possíveis atrasos, a fim de atenuar os danos à sociedade. As demais empresas de ônibus não retornaram o contato da equipe de reportagem.
ENQUETE
Como você foi atingido pela paralisação?
“Preciso viajar para Independência e estou esperando a definição dos ônibus há duas horas. Por enquanto, não disseram nada e a gente fica na insegurança”
Higino Ferreira
Aposentado
“Não sei o que fazer. Tenho passagem para Senador Pompeu marcada para as 7h, já são 9h30 e nada. Tudo sem explicação por parte de ninguém”
Maria das Dores Chaves
Dona de casa
Fonte: O Povo
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