Militar do Exército ainda tentou tirar a própria vida e está internado em coma no Hospital Geral da Corporação
Um subtenente do Exército Brasileiro (EB) foi autuado em flagrante, na manhã de ontem, em Fortaleza, suspeito de assassinar o próprio filho, de nove anos, envenenado com remédio tarja preta. Antes, o homem ainda teria agredido a esposa e a feito igualmente tomar a medicação. Por fim, o militar ainda ingeriu também a mesma substância, a fim de tentar tirar a própria vida.
O caso aconteceu no Conjunto Napoleão Viana, bairro Dias Macêdo, na Capital. O subtenente Francilewdo Bezerra Severino, de 45 anos, está internado em coma, em estado grave, no Hospital Geral, após ter tomado, supostamente, alta dosagem de clonazepam, um anticonvulsivo tranquilizante de tarja preta.
Agressão
De acordo com o diretor do Departamento de Polícia Metropolitana (DPM), delegado Jairo Façanha Pequeno, a esposa do militar relatou em depoimento que o filho do casal era autista e que desconhece os motivos do marido ter cometido tais crimes. Segundo a Polícia, ele foi autuado por homicídio, lesão corporal e por violência doméstica na Lei Maria da Penha.
A mulher sobreviveu ao atentado e presenciou ainda a criança e o marido agonizando após a dosagem de medicamento manuseada pelo homem. Ela foi socorrida por outros militares que residem no mesmo conjunto.
“Cristiane Renata Coelho Severino, de 41 anos, é casada com o subtenente há 13 anos. Em depoimento, durante o registro da ocorrência na Delegacia, já na manhã de ontem, ela afirmou ter sido obrigada a tomar a droga por volta de meia-noite de segunda (10) para terça-feira (11)”, disse o delegado.
No depoimento, a mulher afirmou que o marido “nunca apresentou comportamento agressivo” e que ele havia dito que a medicação “era pra ela não ver a besteira que ele iria fazer”.
Cristiane disse, ainda, que chegou a tomar “de cinco a seis cápsulas do remédio” e que antes, havia ingerido vinho. O filho mais novo do casal, de cinco anos, não sofreu agressões, segundo a esposa do militar.
“No depoimento, a mulher diz que o subtenente primeiro a agrediu. Ela apresentava lesões nos braços e nas pernas. Depois, o homem a obrigou a tomar a medicação. Em seguida, o militar deu o medicamento ao filho mais velho, Lewdo Ricardo Coelho Severino, de nove anos, que não resistiu e morreu. Só então, tomou ele próprio também o remédio. A mãe acordou do desmaio cerca de uma hora depois e ainda os viu agonizando. Foi quando chamou por socorro”, relatou o delegado.
O menino não resistiu. O homem foi levado ao Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro, e em seguida encaminhado ao Hospital Geral, onde está internado em estado grave.
Segundo o diretor do Hospital Geral do Exército, coronel Sebastião Mauro Venturi de Pina, “o subtenente Francilewdo encontra-se na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) com quadro inconsciente, em coma, estável, em situação grave”.
Investigações
O caso foi registrado no 11º DP (Pan Americano) mas foi encaminhado no fim da tarde de ontem ao 16º DP (Dias Macêdo), que irá investigar o crime. Embora internado, o subtenente está preso e é custodiado pelo Exército Brasileiro, dentro da unidade médica militar.
“As causas deste crime são ainda desconhecidas para a Polícia. O delegado do 16º DP irá investigar para buscar esclarecer completamente os motivos do homicídio do filho e dos atentados contra a vida da esposa e a dele próprio. O que se sabe é que o subtenente nunca apresentou comportamento agressivo, segundo a esposa. Aguardamos a melhoria do quadro clínico dele para ser ouvido”, disse o diretor do DPM.
De acordo com o delegado Sílvio Rego, que presidiu o flagrante, somente o laudo cadavérico da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) será capaz de apontar a causa da morte da criança de nove anos. A esposa do suspeito também foi submetida a exame toxicológico.
Recebendo alta médica, Francilewdo será ouvido no 16º DP, Delegacia que deverá dar continuidade às investigações. Posteriormente, ele será conduzido a uma das carceragens do Exército Brasileiro em Fortaleza.
As motivações para o crime são desconhecidas, contudo, segundo o delegado Jairo Pequeno, “não se descarta nenhuma hipótese no caso”.
“O crime será investigado para buscar descobrir os reais motivos. O militar não possuía histórico criminoso, e essa foi a primeira agressão registrada contra este subtenente”, disse o delegado Jairo Pequeno.
Levi de Freitas
Repórter
Fonte: Diário do Nordeste
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