Reunidos em uma assembleia que lotou a quadra principal do Campus Fortaleza na tarde e na noite desta sexta-feira, 17/7, os servidores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) deliberaram por entrar em greve a partir de quinta-feira, 23/7. O movimento inclui todas as unidades do Instituto, que também realizará paralisação na quarta-feira, 22/7, igualmente por deliberação da assembleia desta sexta, somando-se ao dia nacional de paralisações dos servidores federais. Na assembleia mais representativa já realizada pelos trabalhadores do IFCE, a greve foi decidida por ampla maioria.
Para o servidor David Montenegro, integrante da Diretoria Colegiada do Sindicato dos Servidores do IFCE (SINDSIFCE), responsável pela coordenação da mesa de trabalhos nesta sexta-feira, a assembleia foi “histórica”, pelo grande número de servidores reunidos e pela forte demonstração da insatisfação e da disposição para lutar contra os cortes federais no orçamento da educação, pela jornada de 30 horas, por respeito à comunidade acadêmica, por melhores condições de trabalho e por mais democracia, participação e qualidade nas atividades do Instituto
“Na assembleia os servidores do IFCE deliberaram pela greve, somando-se ao movimento grevista nacional, já deflagrado no âmbito do Sindicato Nacional dos Servidores da Educação Básica, Profissional e Tecnológica”, apontou David Montenegro. “O contexto nacional de corte de recursos da educação, pelo Governo Federal, se somou à insatisfação já existente há muito tempo, entre os servidores do IFCE, pela precarização da instituição, pelas consequências da expansão acelerada e sem os devidos investimentos, pelo desrespeito ao direito à jornada de trabalho de 30 horas, pela insuficiência de pessoal e de estrutura, pela falta de democracia e de participação no dia a dia da instituição”, acrescentou.
A partir de quinta-feira, 23/7, os servidores do IFCE entram oficialmente em greve. O prazo para início do movimento grevista, necessário para cumprir os requisitos legais, foi deliberado pela assembleia desta sexta-feira, 17/7. Em um processo amplamente participativo, os servidores mostraram sua insatisfação com a situação do IFCE e sua disposição de luta por mais recursos para a educação e mais respeito aos trabalhadores federais.
Comando de greve
Logo após a votação, foi formado o comando de greve, também com participação de grande número de servidores. A primeira reunião do comando de greve acontece nesta terça-feira, 21/7. O Comando definirá a agenda diária de lutas e as atividades de mobilização a serem realizadas, discutindo diariamente o andamento da greve, divulgando as pautas dos servidores, arregimentando os servidores para a condução do movimento.
Participação e acesso
A assembleia foi marcante pela participação de centenas de servidores mobilizados para lutar por mudanças no Instituto e por respeito aos servidores e à educação. Por ampla maioria, os servidores deliberaram pela greve a partir de quinta-feira, 23/7. As assistentes sociais fizeram questão de comparecer uniformizadas, com camisetas reforçando a luta pela jornada de 30 horas, direito da categoria negado pela Reitoria.
Muitos estudantes também participaram da assembleia, dividindo-se entre posições a favor e contra a greve, expressas em cartazes e em palavras de ordem. Ao final, comemoraram os estudantes que apoiaram os servidores na decisão de entrar em greve.
Além do debate sobre a atual situação e os rumos do Instituto, a histórica assembleia geral dos servidores, nesta sexta, 17/7, deu exemplo de cidadania e convivência democrática. Também houve acessibilidade a diferentes públicos, com presença de intérprete de Libras.
Contexto da greve
O debate acontece após votação favorável à deflagração do movimento paredista pelo Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE), ocorrida durante a 132ª Plenária Nacional, realizada nos dias 4 e 5/7, em Brasília-DF.
Em todo o País, o corte de R$ 69,9 bilhões no orçamento, anunciado pelo governo Dilma Rousseff, faz com que o sucateamento de serviços públicos e a precarização das condições de trabalho se aprofundem ainda mais. Tal conjuntura tem levado trabalhadores das mais diversas categorias a encamparem fortes campanhas salariais ou deflagrarem greve, como acontece no Serviço Público Federal. Além do SINASEFE, ANDES-SN, FASUBRA, FENAJUFE, FENASPS e CONDSEF também já contam com greves já aprovadas pela base e/ou em curso.
Mobilização no Ceará
No Ceará, a luta contra o pacote de ajustes do governo federal e as medidas conservadoras aprovadas pelo Congresso Nacional, vem ganhando corpo entre as categorias, com destaque para as greves dos trabalhadores rodoviários e da construção civil que, após forte mobilização, conseguiu arrancar, dos patrões, importantes reivindicações em suas campanhas salariais. Na educação, os servidores do IFCE vêm imprimindo forte participação nos debates que acontecem nas unidades e durante assembleias gerais da categoria.
Entre os estudantes do Instituto, o processo não é diferente. Preocupados com as condições de funcionamento e assistência estudantil que garanta a permanência nas unidades de ensino, discentes de diversas unidades – como Canindé, Jaguaribe e Sobral – têm protagonizado importantes mobilizações, contra os cortes no orçamento que atinge várias esferas, entre elas, a realização do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid).
Fonte: Assessoria de Imprensa do SINDSIFCE
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