Chacina do Curió deixou 11 pessoas mortas em Fortaleza, em novembro de 2015. Julgamento foi concluído na madrugada deste domingo (25), com penas que somam mais de mil anos de prisão.
Após cinco dias de julgamento, a Justiça do Ceará condenou quatro policiais militares réus por participação nos crimes da Chacina do Curió, que resultaram na morte de 11 pessoas, em novembro de 2015. As penas somadas chegam a 1.103 anos e oito meses. A sentença deve ser cumprida a partir deste domingo (25), e os condenados podem entrar com recurso.
Foram julgados nesta primeira etapa: Marcus Vinícius Sousa da Costa, Antônio José de Abreu Vidal Filho, Wellington Veras Chagas e Ideraldo Amâncio.
O julgamento foi realizado no Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza, desde a terça-feira (20). As penas foram estipuladas pelo Colegiado de juízes após decisão tomada pelo júri na madrugada deste domingo (25). Com a sentença, os quatro réus perderam o cargo de policial militar e tiveram negado o direito de responder pelas penas em liberdade.
Confira as penas dos policiais militares:
- Marcus Vinícius Sousa da Costa: 275 anos e 11 meses de prisão. As penas correspondem a 11 homicídios, 3 tentativas de homicídio, 4 crimes de tortura física e mental. Prisão em regime fechado de imediato sem direito de responder em liberdade e perda do cargo de policial militar.
- Antônio José de Abreu Vidal Filho: 275 anos e 11 meses de prisão por 11 homicídios, 3 tentativas de homicídio, 4 crimes de tortura física e mental. Prisão em regime fechado de imediato sem direito de responder em liberdade e perda do cargo de policial militar.
- Wellington Veras Chagas: 275 anos e 11 meses de prisão por 11 homicídios, 3 tentativas de homicídio, 4 crimes de tortura física e mental. Prisão em regime fechado de imediato sem direito de responder em liberdade e perda do cargo de policial militar.
- Ideraldo Amâncio: 275 anos e 11 meses de prisão por 11 homicídios, 3 tentativas de homicídio, 4 crimes de tortura física e mental. Prisão em regime fechado de imediato sem direito de responder em liberdade e perda do cargo de policial militar.
Antônio José de Abreu está morando nos Estados Unidos desde 2019 e foi interrogado no julgamento por videochamada. Ele havia se mudado e desertado da Polícia Militar.
No caso dele, a Justiça comunica a sentença à Polícia Federal para que, por meio da Difusão Vermelha da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), o condenado possa ser preso em solo estrangeiro e extraditado para o Brasil.
Para os quatro agentes condenados, a prisão é provisória com audiência de custódia a ser agendada.
“Essa noite eu fiz valer o que eu prometi pro meu filho quando eu enterrei ele. Eu jurei pra ele que eu ia procurar justiça, e eu vi a justiça acontecer”, declarou Maria de Jesus, mãe de Renayson Girão da Silva, que tinha 17 anos e foi um dos 11 mortos na chacina.
“Essa é uma resposta dada, e essa vitória não é exclusivamente do movimento Mães do Curió. Não, essa vitória é da periferia. É do nosso povo periférico, é dos nossos jovens”, afirmou Edna Carla Cavalcante, mãe do adolescente Álef Souza, que tinha 17 anos ao ser assassinado na chacina.
Ao todo, 11 pessoas foram assassinadas por policiais militares entre a noite do dia 11 de novembro e a madrugada do dia 12 de novembro de 2015. De acordo com o Ministério Público do Ceará, os crimes foram motivados por vingança pela morte do soldado Valtemberg Chaves Serpa, assassinado horas antes ao proteger a mulher em uma tentativa de assalto, no Bairro Lagoa Redonda.
O primeiro júri estreou a série de julgamentos do caso que reúne, ao todo, 30 réus. Outros 16 acusados estão previstos para irem a julgamento em duas outras sessões: a segunda etapa será no dia 29 de agosto e a terceira está marcada para 12 de setembro. Serão oito réus para cada uma das etapas.
De acordo com a Justiça cearense, enquanto o restante dos acusados se tornarem aptos a irem a julgamento, novas datas serão designadas para que o corpo de jurados decida se eles são culpados ou inocentes pelos crimes.
Fonte: https://g1.globo.com/
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