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Praça da Estação continua ocupada por Camelôs

Feirantes que não foram contemplados com boxes no Beco da Poeira querem um outro espaço no Centro

Um dia após o início do processo de requalificação do Centro de Fortaleza pela Prefeitura Municipal, com a retirada de 468 feirantes da Praça Castro Carreira (Praça da Estação), cerca de 50 comerciantes ainda voltaram a ocupar o local na manhã de ontem. Eles pretendem continuar ali até que seja definido um espaço adequado na área central da cidade, onde possam trabalhar.

A feirante Maria Helena Ferreira diz reconhecer a necessidade de requalificação do Centro, mas deseja um local para trabalhar Foto: Kleber A. Gonçalves

“A gente não quer fazer confusão. Só deseja um espaço digno para vender as nossas mercadorias”, disse a feirante Maria Helena de Arruda Ferreira. Ela reconhece a necessidade de requa-lificação do Centro da Capital, mas entende que os comerciantes não contemplados com boxes no Beco da Poeira não podem ser esquecidos pela Prefeitura Municipal.

Uma feirante que preferiu identificar-se apenas como Maria disse que resolveu retornar à Praça da Estação por não ter outro lugar para trabalhar. “Não ganhei um boxe no Beco da Poeira e preciso sustentar minha família. Não tenho para onde ir”, enfatizou, enquanto arrumava mercadorias em banca que armou na parte central da praça.

José Mendonça Xavier comercializava ferramentas na Praça da Estação. Ele diz que suas mercadorias foram levadas pelos fiscais da Prefeitura, que não informaram o local onde foram depositadas. “Não sei o que fazer. Vim hoje à praça para me juntar aos outros feirantes daqui e cobrar um mínimo de consideração por parte da Prefeitura. A gente precisa trabalhar. Eles têm que arrumar um lugar digno pra gente ficar”, apelou.

A feirante Cláudia Vanusa Vieira também retornou à praça na manhã de ontem. Ela e outros feirantes prometem manter a ocupação do logradouro e a venda de suas mercadorias até mesmo no chão até que a Prefeitura encontre uma solução definitiva para todos os comerciantes não contemplados com boxes no Beco da Poeira.

Encontro

Amanhã, os feirantes que se consideram injustiçados – cerca de 250 – pretendem comparecer à Secretaria Regional do Centro (Sercefor), por volta das 10h, para uma reunião com o titular da pasta, Régis Dias. Eles pretendem solicitar a permissão da Prefeitura para continuarem atuando na Praça da Estação até a remoção para um outro espaço no Centro, onde possam permanecer em definitivo.

Ainda na manhã de ontem, a reportagem do Diário do Nordeste tentou contato telefônico com a assessoria de imprensa da Sercefor para confirmar a reunião entre Régis Dias e os feirantes. Contudo, ninguém atendeu às ligações. No contato, a reportagem pretendia, também, inteirar-se sobre as possíveis ações da secretaria para a total desocupação da Praça da Estação.

Arrumação

Enquanto o clima de revolta e indefinição se manteve ontem, na praça, no Centro de Pequenos Negócios (CPN), o Beco da Poeira, a manhã foi de limpeza e arrumação dos boxes pelos feirantes realocados no local.

Vassoura à mão, Lúcia Gomes limpava o box que ganhou para, então, arrumar as confecções e iniciar as vendas na segunda-feira. Ela se mostrou feliz com o novo local de trabalho e acredita em melhores ganhos.

Antônio Gomes da Silva também aproveitou a manhã de sábado para a limpeza do box. Para ele, o espaço é pequeno, de apenas 1,20m x 1m. Mas, considera que “agora, as coisas tendem a melhorar. Aqui é muito melhor do que trabalhar sob sol e chuva”.

Enquanto se preparava para a arrumar suas confecções no box que conquistou no Beco da Poeira, a feirante Flaviana da Silva se mostrou satisfeita por deixar a Praça da Estação. “Aqui é melhor, embora não tenha uma ideia se as vendas vão ser boas. Mas, agora tenho um espaço definitivo pra trabalhar”, disse.

FERNANDO BRITO
REPÓRTER

Do Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz