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Há duas semanas, o inspetor da Polícia Civil do Ceará, Pedro Paulo Cavalcanti Monteiro, se surpreendeu com o desfecho de uma perseguição no Conjunto Ceará, bairro da periferia de Fortaleza. A história a seguir é narrada em um auto de prisão em flagrante. Após investigar e localizar um carro que tinha a mesma placa (ORX-9219) de seu automóvel particular, um Fox branco, o inspetor e outros policiais investiram contra dois suspeitos de terem clonado o veículo.
Depois de interceptarem o Fox e anunciarem, pistolas em punho, que eram policiais (eles estavam em uma viatura descaracterizada da Divisão de Homicídios), os dois ocupantes do carro clonado se apressaram em revelar que também eram tiras. Encostados em um muro, pernas e braços abertos para uma geral, Audiney Mota Martins e Tiago Rodrigo Ferreira, quando não estavam de folga, trabalhavam como soldados da Polícia Militar do Ceará.
Não adiantou os dois PMs tentarem se livrar da prisão em flagrante. A justificativa de Audiney Mota e Tiago Ferreira não convenceu Pedro Paulo nem aos outros inspetores. Os dois PMs insistiam na história de que não sabiam que o Fox usado por eles era roubado, clonado e que tinha o número do chassi adulterado.
Tiago Ferreira contou que havia pegado o carro emprestado de um homem chamado “Rafael”. Um conhecido dele que “jurou ser o proprietário do veículo”. O Fox clonado, de acordo com Tiago, estaria sendo “utilizado pelos soldados apenas para irem negociar um terreno no Pacheco (praia da Região Metropolitana de Fortaleza). Em seguida, voltariam para devolver a Rafael”.
O encontro entre os militares e o suposto dono do carro teria acontecido por acaso em uma praça, no bairro Aerolândia, onde os PMs tinham marcado para “tomar um caldo de mocotó” e, de lá, seguirem para o Pacheco. Na pracinha, Rafael apareceu, perguntou para onde eles iriam e, voluntariamente, teria oferecido o Fox para que fizessem a viagem até a praia, em Caucaia.
Audiney Mota, que guiava o carro no momento da prisão, afirmou em depoimento no dia 6/12/2013, que não conhecia Rafael. E que o dia em que foram tomar o “caldo de mocotó” teria sido a única vez que havia encontrado o homem que emprestou o Fox roubado.
Os dois policiais militares foram presos e autuados em flagrante por crime de receptação (artigo 180 do Código Penal Brasileiro/o roubo do carro está sendo investigado), adulteração do número do chassi (artigo 311 do CPB) e por porte ilegal de arma (artigo 14 do Estatuto do Desarmamento). “Eles portavam armas em nome de terceiros”, segundo o auto de prisão.
Tiago Ferreira estava com uma pistola calibre 380. Na delegacia, ele afirmou tê-la comprado de outro policial por R$ 3 mil. A regularização do armamento, segundo o militar, estava em andamento. Audiney Mota, por sua vez, portava irregularmente uma pistola ponto 40 de propriedade da Polícia Civil. A arma, na verdade, estava sob a responsabilidade da esposa, uma escrivã da Civil. Em depoimento, ela revelou que não o autorizou a sair com o equipamento de trabalho dela. Audiney confirmou a versão da mulher.
O caso está sendo investigado, inicialmente, pela Delegacia de Assuntos Internos (DAI) da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos da Segurança Pública e Sistema Penitenciário do Ceará (CGD). Os soldados, que estão presos no Presídio da Militar, responderão a um Conselho de Disciplina e poderão ser expulsos da PM. Depois, serão investigados pela Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos e Cargas.
Saiba mais
André Vasques, advogado dos soldados Tiago Ferreira e Audiney Mota, afirma que não há razão jurídica para os dois militares permanecerem presos. Os dois, por serem primários, possuírem residência fixa e não oferecerem risco à sociedade, têm o direito de responder pelo caso em liberdade.
Segundo o advogado dos soldados, eles não podem ser considerados receptadores do Fox roubado. O recebimento do carro, das mãos do homem conhecido por Rafael, teria ocorrido de “forma culposa”.
O soldado Audiney Mota afirmou, em depoimento, que não sabia que o Fox guiado por ele “era clonado e tinha restrição de roubo ou furto”. O ocorrido, segundo o PM, foi “uma infelicidade”.
Há menos de dois meses na Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos e Cargas (DRFVC), o delegado Gustavo Pernambuco informou que está fazendo um levantamento de quantos BOs não se transformaram em inquérito.
Fonte: O Povo