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Pai: agricultor cria quatro filhos sozinho após morte da companheira por Covid-19 no Ceará

Três meses depois da morte da mãe, os filhos continuam perguntando ao pai quando ela vai voltar para casa. — Foto: Arquivo pessoal

Dia dos Pais deste ano será ainda mais marcante para o agricultor cearense Francisco Weber Nogueira de Barros, 32 anos, que viu a paternidade se tornar mais importante ainda ao ficar responsável pela criação dos quatro filhos, após a morte da companheira por Covid-19.

Eliana Sueli de Lima, 36 anos, faleceu no dia 20 de abril deste ano, na Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza. Desde então, Francisco se divide entre a dor da saudade da mulher e o desafio de cuidar dos filhos Carlos Eduardo, cinco meses, Ezequiel, três anos, Paulo, cinco anos e Riquelme, 13. O caçula desfrutou dos cuidados da mãe apenas por dois meses, antes que ela apresentasse os primeiros sintomas da doença.

“Foi muito doloroso, você passar oito anos com uma pessoa e em questão de minutos não ter mais. Você não sabe como dar resposta para os filhos, como explicar que a mãe deles não vai voltar”, disse Francisco.

As três crianças mais novas são frutos do amor do casal. Amor esse estendido por Francisco a Riquelme, filho de um relacionamento anterior de Eliana, que mesmo após a morte da mãe continua sendo cuidado pelo padrasto com os irmãos. A mulher também deixou uma filha de 20 anos, que já é casada.

“Ele também é meu filho, não tem diferença. Quando a mãe dele morreu ele quis continuar morando comigo e me ajuda com os irmãos. Também mantenho contato com a irmã dele, pois somos todos uma família”, relatou o homem.

Francisco Weber mora com os filhos em uma casa simples, no Bairro Sabiaguaba, e garante o sustento da família com o que ganha em uma horta, onde trabalha diariamente. Quando tem que sair para o trabalho, o agricultor conta com a ajuda da mãe e das cunhadas, que se revezam nos cuidados das crianças.

“Saio de manhã cedo e deixo eles na casa da minha mãe. Na hora do almoço eu volto, fico um pedaço com eles e quando retorno do trabalho a gente vai para casa”, afirma.

A mãe de Francisco, Ana Célia Nogueira de Barros, 56 anos, teve que deixar de trabalhar para se dedicar aos netos, o que fez com que a situação financeira da família ficasse ainda mais difícil.

“Ele deixa dinheiro para as coisas das crianças e me ajuda. Tenho muito orgulho dele ser um pai amoroso. Quando ela morreu eu sofri junto com ele, porque a gente pensava logo nas crianças”, disse a avó dos meninos.

Antes de morrer, Eliana ficou internada por 14 dias, parte deles em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no Bairro Paupina e, em seguida, na Santa Casa de MIsericórdia, para onde foi transferida com 75% dos pulmões comprometidos pela Covid, segundo Francisco.

“No dia que ia ser transferida ela me ligou e disse: ‘Amor estou sendo transferida, mas não se preocupa não, que eu volto para ver vocês’. Foi a última vez que falei com ela”, relembrou.

No hospital, a mulher chegou a ser intubada, mas não resistiu as complicações causadas pela doença.

“Ela já estava com o pulmão muito comprometido. O médico falou que a morte foi causada por um coágulo de sangue formado durante a intubação. Ainda tentaram reanimar, mas não teve jeito”, relatou Francisco.

A perda recente da mãe ainda faz os filhos terem esperança de que um dia ela vai voltar para casa.

“Eles perguntam quando a mãe vai voltar do hospital, principalmente os mais novos, que ainda não entendem, mas explico que agora a mãe deles está no céu”, finalizou o pai.

Fonte: https://g1.globo.com/

Zeudir Queiroz